UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA – DEM JONAS FERNANDES CHERRITTE INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE TiO2 EM LIGAS DE ALUMÍNIO JOINVILLE – SC 2013 JONAS FERNANDES CHERRITTE INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE TiO2 EM LIGAS DE ALUMÍNIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: César Edil da Costa JOINVILLE – SC 2013 JONAS FERNANDES CHERRITTE INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE TiO2 EM LIGAS DE ALUMÍNIO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel, no curso de graduação em Engenharia Mecânica da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca examinadora Orientador: _______________________________________________________________ Dr.César Edil da Costa Universidade do Estado de Santa Catarina Membro: _______________________________________________________________ Dr. Julio Cesar Giubilei Milan Universidade do Estado de Santa Catarina Membro: _______________________________________________________________ MSc. Kamila Kazmierczak Universidade do Estado de Santa Catarina Joinville - SC, 11/12/2013 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelas conquistas. A minha família por me darem todo o apoio e o incentivo durante todos os anos de graduação. A todos os Professores, da UDESC e demais instituições em que estudei pelo que me ensinaram. Ao meu professor orientador e colegas do laboratório, pelo apoio durante o tempo em que trabalhamos juntos. Aos meus amigos de graduação, pelo o apoio e o incentivo em todos os anos de graduação. RESUMO CHERRITTE, Jonas Fernandes. Influência da adição de TiO2 em ligas de alumínio. 2013. 35 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Mecânica) – Universidade do Estado de Santa Catarina, 2013. Neste trabalho, utiliza-se à liga de alumínio AA2014 com reforço de nano partículas de TiO2 através da metalurgia do pó. A utilização de compósitos de matriz de alumínio vem em constante crescimento nos últimos anos principalmente na indústria aeronáutica e automobilística. A metalurgia do pó é utilizada para a produção de compósitos reforçados com partículas, que permitem obter um material mais homogêneo com melhores propriedades mecânicas e térmicas. Neste trabalho, avaliou-se a dispersão e a influência da adição do Dióxido de Titânio (TiO2) à liga de alumínio AA2014. Para a produção da liga AA2014 utilizou-se o processo de moagem em um moinho atritor, com os elementos em pó como o alumínio, cobre, silício e magnésio. Primeiramente, realizou-se a moagem dos pós constituintes da liga AA2014 em um moinho atritor por 10h. Posteriormente, adicionou-se o reforço de TiO2 (5%) pelo mesmo processo de moagem utilizado para fazer a liga de alumínio. Depois da compactação a frio foi realizada a extrusão á quente a 490°C e aplicado o tratamento térmico T6. Por fim foram preparados corpos de provas para serem caracterizados por meio de microscopia eletrônica de varredura (MEV), microscopia ótica convencional. Este trabalho tem como objetivo formar um compósito o mais homogêneo possível para melhorar tanto a resistência mecânica como a resistência térmica. Palavras-chave: Liga AA2014. TiO2. Compósito. Extrusão. ABSTRACT CHERRITTE, Jonas Fernandes. Influence of the addition of TiO2 in aluminum alloys. 2013. 35 p. Final course assignment (Graduate Mechanical Engineering) - University of the State of Santa Catarina, 2013. This work uses to the AA2014 aluminum alloy reinforced with nanoparticles TiO2 by powder metallurgy. The use of aluminum matrix composites has been steadily growing in recent years mainly in the aerospace and automotive industry. Powder metallurgy is used for producing composites reinforced with particles, which allow obtaining a more homogeneous material with better mechanical and thermal properties. In this work, was evaluated the dispersion and the influence of the addition of Titanium Dioxide (TiO2) to the aluminum alloy AA2014. For the production of alloy AA2014 used the milling process in a mill attritor, with elements such as aluminum powder, copper, silicon and magnesium. First, the elementary powders were mixed in an attritor mill for 10 hours. Thereafter was added the reinforcement TiO2 (5%) by the same milling process used to make aluminum alloy. After compacting cold extrusion was performed will warm to 490 ° C and applied heat treatment T6. Finally bodies of evidence to be characterized by means of scanning electron microscopy (MEV), conventional optical microscopy were prepared. This paper aims to form a homogeneous composite as possible to improve both the mechanical strength and heat resistance. Keywords: Alloy AA2014. TiO2. Composite. Extrusion. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 9 2.1 ALUMÍNIO E SUAS LIGAS .................................................................................. 9 2.2 MATERIAIS COMPÓSITOS ................................................................................ 10 2.2.1 Materiais Compósitos de Matriz Metálica ..........................................................10 2.2.2 Materiais Compósitos de Matriz de Alumínio ....................................................11 2.2.3 Material de Reforço ............................................................................................13 2.3 FABRICAÇÃO DOS MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ METÁLICA ... 13 2.3.1 Processamento no Estado Sólido ..................................................................... 13 2.3.2 Metalurgia do Pó ............................................................................................ 13 2.3.3 Fabricação dos Pós ..............................................................................................15 2.3.4 Moagem de Alta Energia ................................................................................ 17 2.3.5 Consolidação dos Pós ..................................................................................... 19 3 MATERIAIS E MÉTODOS . ..........................................................................................23 3.1 OBTENÇÃO DA LIGA BASE . ................................................................................23 3.2 ADIÇÃO DE REFORÇO . .........................................................................................24 3.3 COMPACTAÇÃO .. ...................................................................................................24 3.4 EXTRUSÃO A QUENTE .. ........................................................................................25 3.5 TRATAMENTO TÉRMICO ................................................................................. 26 3.6 CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES .......................... 26 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 27 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PÓS........................................................................... 27 4.2 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO REFORÇO NA CONSOLIDAÇÃO E DOS DIFERENTES TIPOS DE TRATAMENTOS TÉRMICOS .............................................. 28 4.3 ANÁLISE DE DUREZA ....................................................................................... 32 5 CONCLUSÕES ...............................................................................................................33 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 34 8 1 INTRODUÇÃO Para a tecnologia dos materiais com combinações de propriedades, que não podem ser encontradas nos metais, cerâmicas ou polímeros isoladamente. Surgindo assim a necessidade de combinar materiais distintos para formar um novo material, que reúna as melhores propriedades individuais de cada componente, esse novo material é chamado de compósito (CALLISTER, 2008). Na natureza, encontram-se exemplos de compósitos, como a madeira, formada por fibras de celulose resistentes e flexíveis, envolvidas e mantida unidas por intermédio de um material mais rígido, chamado de lignina. Porém, a maioria é sintética, como o concreto; e os cermets (cerâmica-metal), como o carbeto de tungstênio (WC) ou o carbeto de titânio (TiC), usados em ferramentas de corte (CALLISTER, 2008). Muitos materiais compósitos são constituídos por apenas duas fases: a primeira é a matriz, que confere estrutura ao material e envolve a outra fase, chamada de fase dispersa. A produção e a transformação de novos materiais constitui uma das mais importantes atividades nas indústrias automobilística, aeronáutica, aeroespacial entre outras. Os constantes avanços tecnológicos permitem diminuir os custos de processamento das matérias-primas garantindo desta forma um melhor aproveitamento das vantagens dos materiais não tradicionais. Prevê-se que estes materiais, para além de continuarem a ter uma aplicação privilegiada em novos mercados substituam também, de uma forma crescente, os materiais tradicionais (CALLISTER, 2008). A fabricação de componentes pelo processo de metalurgia do pó permite a obtenção de peças bastante homogêneas, com excelente acabamento superficial e com formas relativamente complexas, além de ser um processo altamente produtivo de fácil automação (NETO, 2010). O objetivo geral neste estudo é demonstrar como melhorar a dispersão de nanopartículas de TiO2 na matriz de liga de alumínio AA2014, com essa dispersão há a hipótese de que obtenha-se um compósito com maior resistência a temperaturas altas. 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 ALUMÍNIO E SUAS LIGAS O setor automotivo e de transportes é um grande consumidor de alumínio no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). A entidade aponta que, entre outras vantagens, o aumento do uso deste material em veículos diminui o consumo de combustível e a emissão de poluentes. O alumínio, embora mais leve, ainda é considerado caro para a indústria e, por esse motivo, é mais utilizado em carros de luxo. A montadora alemã Audi é reconhecida mundialmente como uma das que mais utiliza alumínio em seus veículos. Algumas peças em seus veículos automotivos ainda são feitas de aço, por ser mais resistente. Há possibilidade da formação de novos compósitos a partir do alumínio que tornará o veículo mais leve. A Figura 1 mostra a carroceria do modelo Audi A5 Super Leve, que é totalmente construída de alumínio possuí um peso de 1.310kg, 120 kg a menos do que o A5 da série anterior (NOTÍCIAS Brasil Alemanha News, Acesso em 15 Nov. 2013). Figura 1 – Carroceria Audi A5 Super Leve. Fonte: (NOTÍCIAS Brasil Alemanha News, Acesso em 15 Nov. 2013) A obtenção das ligas de alumínio é necessária, pois o alumínio puro apresenta uma limitação a resistência mecânica. Com a adição de elementos de liga como o cobre, manganês, silício, magnésio e outros, são formadas ligas que modificam as propriedades mecânicas do alumínio. A metalurgia do pó é um processo em que a economia de material é alta, com mínimas perdas de matéria-prima e o controle exato da composição química desejada do produto final, a partir dos pós-elementares, utilizada para obter ligas metálicas com homogeneidade 10 estrutural e suas propriedades. As ligas de alumínio mais utilizadas para compósitos de matrizes metálicas são as endurecíveis por precipitação Al-Cu-Mg e Al-Zn-Mg-Cu (FOGAGNOLO et al., 2003; KACZMARA e PIETRZAKB, 2000; SIVASANKARAN et al., 2010; SON et al., 2003; TALEGHANI et al., 2012; TORRALBA et al., 2003; KAZMIERCZAK, 2013). 2.2 MATERIAIS COMPÓSITOS Engenheiros e cientistas de materiais buscam sempre aprimorar os materiais tradicionais e produzir outros completamente novos capazes de responder as necessidades ou exigências impostas pelas aplicações. Segundo Matthews e Rawlings (1994), um material compósito deve satisfazer três critérios para ser considerado como tal: conter uma proporção razoável (5%) de cada uma das fases, ser constituído por duas fases de propriedades marcadamente distintas, e obter um material final de propriedades claramente diferenciadas daquelas dos seus constituintes (SILVA 2012). Os materiais compósitos podem ser definidos como misturas não solúveis de dois ou mais constituintes com distintas composições, estruturas e propriedades que se combinam e, em que um dos materiais garante a ligação (matriz) e o outro, a resistência (reforço) (CALLISTER, 2008). 2.2.1 Materiais Compósitos de Matriz Metálica Os compósitos com matriz metálica (MMC), a matriz é um metal dúctil. Esses materiais podem ser utilizados em temperaturas de serviço mais elevadas do que os seus respectivos metais de base, além disso, o reforço pode melhorar a rigidez específica, a resistência específica, a resistência à abrasão, a resistência a fluência, a condutividade térmica e a estabilidade dimensional. Algumas vantagens desses materiais com relação aos compósitos de polímeros incluem temperaturas de operações mais elevadas, não serem inflamáveis e maior resistência à degradação por fluídos orgânicos (CALLISTER, 2008). Algumas aplicações são ilustradas na Tabela 1 que mostra a composição de materiais de componentes aeroespaciais (Wei, 1992). 11 Tabela 1 – MMCs para aplicações aeroespaciais. Matriz Reforço Aplicação Cu C SiC W Câmara de combustão Bocal (foguetes, naves espaciais) Trocador de calor Fe W Tubos Ni e intermetálicos Al2O3 W Lâminas de turbina, discos Ti e intermetálicos SiC TiB2 TiC Alojamentos, tubos Lâminas de turbina, discos Eixos, “favos de mel” Al SiC Al2O3 C SiC Alojamentos (bombas, instrumentação), conectores mecânicos, satélite, estruturas Fuselagem Membros estruturais Asas, lâminas Mg Al2O3 Membros estruturais Fonte: (Wei, 1992) As matrizes poliméricas, apesar da sua ampla aplicabilidade, sofrem de uma grande desvantagem, pois são muito pouco tolerantes a altas temperaturas. Para solucionar os problemas ligados às altas temperaturas como, por exemplo, no interior dos motores de aeronaves a temperatura é muito elevada, utilizam-se compósitos de metais. Metais como alumínio e titânio, devido a suas altas resistências à oxidação, têm sido alguns dos materiais estudados (CALLISTER, 2008). 2.2.2 Materiais Compósitos de Matriz de Alumínio Uma das características mais importantes do alumínio é a baixa densidade. Além disso, o metal é resistente, durável, funcional, e reciclável. O Brasil tem a terceira maior reserva de bauxita no mundo. O país também é o sexto maior produtor mundial de alumínio em sua forma bruta e é o nono maior consumidor do metal no planeta (ABAL, Acesso em 15 Nov. 2013). Segundo Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), as exportações de alumínio e seus produtos, incluindo bauxita e alumina, representaram em média 2,5% das vendas externas brasileiras, na primeira década do século XXI. Como um dos maiores produtores de bauxita e alumina, o país tem aumentado a venda para outros países desses insumos básicos 12 do setor, enquanto observa a gradual redução das exportações de metal primário e produtos transformados, em razão da maior demanda interna pelo metal. Além disso, o alumínio apresenta custo bastante inferior se comparado a outros materiais leves, como o magnésio e titânio. Portanto, as ligas de alumínio são bastante comuns em aplicações na indústria automotiva, aeroespacial, bélica (ERICH, D.L,1986;LINDROOS& TALVITIE, 1995). A Tabela 2 mostrada a seguir, as ligas de alumínio que são divididas em forjadas. Tabela 2 – Classificação das ligas de alumínio forjadas. Classe Principal elemento de liga 1xxx Alumínio puro, diversos graus de pureza 2xxx Cobre como principal elemento, porém, pode conter outros elementos, como magnésio 3xxx Manganês 4xxx Silício 5xxx Magnésio 6xxx Magnésio e Silício 7xxx Zinco é o principal, porém, é possível encontrar outros elementos como cobre, magnésio, cromo e zircônio 8xxx Ligas incluindo Estanho e Lítio, caracterizando composições variadas 9xxx Reservado para uso futuro Fonte: (ASM HANDBOOK, 1990) Nas ligas de alumínio da série 2xxx em geral o cobre é o elemento de liga principal e o magnésio o elemento de liga secundário. Essas ligas quando submetidas a tratamentos térmicos de precipitação, a resistência e dureza da liga aumentam. A resistência a elevadas temperaturas (cerca de 150ºC) da série 2xxx é superior se comparada com as outras ligas de alumínio. As ligas desta série podem ser endurecidas por precipitação. Isso ocorre porque o precipitado Al2Cu melhora as propriedades a alta temperatura, porém, quando a temperatura de cerca de 150ºC é ultrapassada os precipitados crescem de tamanho e ocorre uma diminuição das propriedades mecânicas (HOSKING, 1982; NAVAS, 1999; SILVA 2012). 13 2.2.3 Material de Reforço O titânio é bastante utilizado na indústria aeroespacial, começa a ser explorado em larga escala depois do crescimento desse setor, onde formam ligas com outros metais como ligas de alumínio para originar diversos tipos de estruturas. É recomendado por ser resistente e leve, além da capacidade de suportar altas temperaturas. Devido a essas características também é explorado pelo setor automobilístico (fabricação de peças), aeronáutico (turbinas), naval e bélico. A área da segurança também tira proveito de suas propriedades, onde o metal é matéria importante na fabricação de carros blindados, cofres e portões de segurança (POLMEAR, 1995). O titânio é utilizado para fazer próteses com a finalidade de substituir articulações. Outra aplicação essencial é feita em implantes dentários, onde pinos de titânio substituem as raízes dos dentes. O uso é indicado devido a sua alta biocompatibilidade, além de possuir alta resistência à corrosão, que pode ocorrer devido aos fluidos humanos. Este reforço utilizado com as ligas de alumínio deve suportar as tensões exercidas no compósito, melhorar as propriedades mecânicas da matriz, diminuir a perda de propriedades a elevadas temperaturas e impedir a propagação de trincas no material (POLMEAR, 1995). 2.3 FABRICAÇÃO DOS MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ METÁLICA 2.3.1 Processamento no Estado Sólido Para ser considerado como processamento no estado sólido, um exemplo, é a moagem de alta energia dos pós da liga de alumínio AA2014 com o material de reforço TiO2, quando são submetidas alta pressão e temperatura nenhum dos materiais tanto o da matriz como do reforço não sofrem a fusão, portanto este processo é conhecido como metalurgia do pó (SILVA, 2012; ESPINOZA, 2002). 2.3.2 Metalurgia do Pó A Metalurgia do Pó é um processo de fabricação amplamente utilizada em processos de produção em séries. Seria quase impossível imaginar quantas operações seria necessário para a produção pelos processos convencionais de usinagem, na quantidade de resíduos (cavacos) gerados, ou na possibilidade de se produzir um grande número de peças iguais. 14 Essa tecnologia é baseada na prensagem de pós em ferramentas de compactação e na finalização da peça por aquecimento controlado, sendo o resultado um produto com a forma desejada, bom acabamento, composição química e propriedades mecânicas controladas, este processo não necessita de uma deformação plástica significativa ou fundição, esse método é bastante interessante para materiais que possuem baixa ductilidade e elevado ponto de fusão. Para que se possa desenvolver o processo de fabricação a partir desta tecnologia, inicia-se pelo laboratório de análise de matérias primas que se passa pelas etapas de obtenção do pó, compactação, sinterização e operações complementares que serão detalhadas a seguir (NETO, 2010). O processo de fabricação de peças via metalurgia do pó pode ser resumido conforme as etapas apresentadas a seguir: -Primeiramente os pós são misturados e homogeneizados em um moinho; -Em seguida, os pós são compactados em uma matriz através de uma força de compressão, obtendo-se uma peça com uma pequena coesão, denominada compactada “a verde”; - Finalmente, o material é sinterizado em um forno com atmosfera controlada, com o objetivo de obter uma densificação da peça. Em alguns casos, alguns constituintes se fundem à temperatura de sinterização e o processo apresenta fase líquida (BRAVO SALAZAR, 2007). As principais vantagens em se usar a Metalurgia do Pó são:  Alto aproveitamento da matéria prima, geralmente acima de 95%.  Este aproveitamento reflete-se no custo de fabricação permitindo que o produto seja economicamente vantajoso frente aos obtidos por outros processos.  É um processo com baixo impacto ambiental por não ser poluente e por exigir uma baixa energia de transformação do material.  As propriedades mecânicas são dimensionadas de acordo com a aplicação, evitando-se assim o desperdício pelo uso de materiais superdimensionados.  Permite a fabricação de altos volumes de peças.  Permite a fabricação de peças com formas complexas.  Permite as mais variadas combinações de elementos químicos (ligas) e por consequência permite obter várias microestruturas.  Permite a fabricação de materiais compósitos 15  O controle da porosidade permite a fabricação de filtros metálicos e de mancais auto lubrificantes impregnados com óleo.  Este mesmo controle da porosidade permite a fabricação de materiais com densidade 100% cujas propriedades mecânicas excedem as dos materiais obtidos por processos convencionais.  Ótimas tolerâncias dimensionais.  Ótimo acabamento superficial.  Possui um bom desempenho em aplicações críticas de longa duração. A Figura 2 compara processos de fabricação, com o consumo de energia e aproveitamento de matéria-prima (METALURGIA DO PO, Acesso em 15 Nov. 2013). Figura 2 – Comparação entre processos de fabricação. Fonte: (METALURGIA DO PO, Acesso em 15 Nov. 2013) 2.3.3 Fabricação dos Pós Existem vários processos para obtenção de pó metálico, sendo que sua escolha depende do conjunto de propriedades do material e das características que se quer para o pó, em função da aplicação pretendida. Como as propriedades dos materiais são basicamente função do processo de fabricação do pó, serão abordados alguns métodos de obtenção do pó metálico. 16 A produção de pós-metálicos é influenciada pelos requisitos de: consolidação, aplicação dos produtos e custo de fabricação. Os processos de produção de pós mais conhecidos são os mecânicos (moagem de alta energia), químico (redução de um composto em estado sólido), eletroquímico, atomização (gás, água e centrífuga). O método físico mais utilizado é a atomização: o metal fundido é vazado por um orifício, originando um filete líquido que é bombardeado por jatos de ar, gás ou água. Os jatos saem de bocais escolhidos conforme o formado do grão desejado e produzem a pulverização do filete metal fundido e seu rápido resfriamento. O tamanho e a forma das partículas variam em função de vários parâmetros, entre os quais se destacam; a espessura do filete, a pressão da água ou gás, a geometria do conjunto de pulverização e, evidentemente, o tipo de atomização. A atomização a água normalmente conduz a partículas irregulares e angulosas, enquanto que a atomização a ar produz partículas mais esferoidais. Os pós também podem ser obtidos por métodos químicos como a corrosão, que produz oxidação do metal pelo ataque de ácidos e bases, ou na redução de óxidos metálicos pelo emprego de hidrogênio ou monóxido de carbono. Após este processo o pó reduzido, sendo ele submetido a uma reação química em que o átomo recebe elétrons pela ação de um agente redutor, sendo ele sólido ou gasoso, depois peneirado e está pronto para uso. O que determina o tamanho e forma das partículas do material pulverizado é a espessura do filete, pressão do fluido, as formas do conjunto de atomização, do bocal e o tipo de atomização. O método físico-químico mais utilizado na produção do pó de cobre é a eletrólise, que é uma reação não espontânea que produz a decomposição de uma substancia em solução aquosa ou fundida, por meio de corrente elétrica, sendo os pós-produzidos por esse processo são caracterizados pelo seu elevado grau de pureza. Após recolhido no tanque de eletrólise, o pó forma uma lama que é neutralizada e secada para depois ser reduzida e classificada por peneiramento, sendo que para ser obter grãos menores o processo é complementado por métodos mecânicos. O pó também pode ser obtido pela pirólise, que um método físico- químico que consiste na decomposição de uma substancia pela reação do calor. Nos métodos mecânicos para obtenção do pó mais utilizado é a moagem, que em geral é feita por um moinho de bolas que é constituído por um tambor giratório que contem esferas metálicas de material resistente ao desgaste. Ao movimento do tambor, as esferas giram se chocando, desintegrando gradativamente o material que se encontra no seu interior. A fabricação de compósitos no estado sólido permite obter excelentes propriedades mecânicas. A mistura entre a matriz metálica e o reforço depende de parâmetros de moagem sendo os mais relevantes o tempo de moagem, velocidade de moagem, tamanho das bolas, 17 número de bolas e atmosfera de moagem. A atmosfera é controlada por gás inerte (Argônio), para evitar que o material seja contaminado e oxidado (ZANATTA, 2007). 2.3.4 Moagem de Alta Energia Na moagem realizada através do moinho atritor, o processo de moagem de materiais dúcteis as partículas de pó tendem a soldar a frio, tornando o processo menos eficiente, para que isto não ocorra utiliza-se o Agente Controlador de Processo – PCA. Nesta moagem podem-se ter três diferentes tipos de sistemas no processo de moagem: dúctil-dúctil, dúctil- frágil e frágil-frágil (BREITENBACH, 2011). O moinho atritor consiste de um recipiente com um impulsor vertical inserido. Este recipiente como as bolas são feitas de aço extremamente resistente. Quando se adiciona os pós dentro do recipiente com as bolas, o sistema será submetido à alta pressão e energia, para evitar a fusão dos pós existe um sistema de refrigeração de água internamente no recipiente, e dentro do recipiente é adicionado um gás inerte que além de refrigerar evita a oxidação dos pós. A figura 3 ilustra como ocorre o processo de moagem de alta energia. Como o processo de moagem libera grandes quantidades de energia, usa-se o Agente Controlador de Processo – PCA, que em ligas de alumínios pode ser utilizado ceras, ácido esteárico, metanol e polietileno glicol para evitar que os pós grudem no recipiente e nas bolas e formem aglomerados. Os PCAs são geralmente compostos orgânicos que recobrem as partículas de pó e impedem o contato direto entre metal-metal (KLEINER et all, 2004). Figura 3 – Operação de um moinho atritor. Fonte: (SURYANARAYANA, 2001) modificado por (BREITENBACH, 2011) 18 A seguir serão explicados alguns parâmetros que influenciam no processo de moagem. - Com relação aos tipos de moinhos que podem ser usados para realizar o processo de Moagem de alta energia. Esses moinhos diferem na sua capacidade volumétrica, velocidade de operação e na sua capacidade de controlar a operação, variando a temperatura de moagem e minimizando a contaminação da mistura de partida. A figura 4 ilustra como é um moinho de produção industrial. Os mais conhecidos tipos de moinhos são listados a seguir:  Moinho de bolas convencional  Moinho de bolas de alta energia  Moinhos planetários  Moinhos atritor  Moinhos oscilatórios Figura 4 – Moinho de produção industrial para moagem de alta energia. Instalação da INCO Alloys International. Fonte: (SURYANARAYANA, 2001) - Recipiente de moagem é importante, pois para se garantir a eficácia no processamento, o material que é feito o recipiente deve ser similar à liga que será produzida, ou com o atrito que 19 as bolas exercerão sobre suas paredes poderá haver uma retirada de material, que contaminará a liga metálica. De uma forma geral, estes recipientes são fabricados com materiais a base de aços temperados, aços ferramenta, aços inoxidáveis e ligas a base de tungstênio (SURYANARAYANA, 2001). - Com respeito à velocidade empregada na moagem de alta energia, deve-se levar em conta basicamente o desenho do moinho, porque as limitações de projeto que delimitará a velocidade empregada no processamento afirma que acima da velocidade limite do moinho, as bolas abrasivas irão desgastar as paredes do moinho, logo não exercerá impactos nos pós, e ainda por cima, contaminará a liga. Com o aumento da velocidade de moagem, há uma maior quantidade de energia sendo cedida ao moinho, com isso poderá ocorrer um aumento na temperatura do recipiente, que é indesejada porque aumentará o processo de difusão atômica podendo gerar fases indesejadas na liga (SURYANARAYANA, 2001). - E o tempo de moagem segundo Suryanarayana é o mais importante entre os parâmetros para a moagem de alta energia. Normalmente o tempo de moagem é escolhido mediante estudos sobre tempos relativos à fratura e solda fria até as reações no estado sólido. É extremamente importante que o tempo de moagem seja obedecido rigorosamente, para que fases indesejadas se façam presentes (SURYANARAYANA, 2001). - A temperatura de moagem no processamento de ligas metálicas por moagem de alta energia, a temperatura de moagem assim como todas as outras variáveis citadas, varia de acordo com cada liga. A formação de ligas se dá por difusão interatômica. O processo de difusão como o fenômeno de transporte de material através do movimento de átomos. Variando-se a temperatura de moagem pode se ter a formação tanto de ligas metálicas, formação de intermetálicos ou ate mesmo uma amorfização destas mesmas ligas (CALLISTER, 2008). 2.3.5 Consolidação dos Pós A consolidação dos pós, as partículas são unidas através da aplicação de pressão e calor, porém não ocorre à fusão, para se criar um material denso. A Figura 5 está representado o ciclo completo de compactação em matriz unidirecional de duplo efeito, sendo o mais utilizado industrialmente (CHIAVERINI, 1992; SILVA, 2012). 20 Figura 5 – Compactação à verde. Fonte: (KLEIN, 2010) Extrusão a quente é um processo de conformação plástica que consiste em passar um lingote ou tarugo (de secção circular) sob a pressão de um pistão acionado pneumática ou hidraulicamente, através da abertura de uma matriz, formando um produto alongado com o perfil da matriz, ou seja, na extrusão o material é forçado através de uma matriz, de forma similar ao aperto de um tubo de pasta de dentes. O processo de extrusão apresenta a grande vantagem de possibilitar a obtenção de barras, perfis e até tubos com seções transversais com diversos formatos, desde os mais simples, como os circulares, quadrados e sextavados até os mais complexos como ilustra a figura 6. Os processos de extrusão modernos permitem obter peças com a precisão dimensional e tolerâncias próxima às obtidas por trefilação a frio (NETO, 2010). A extrusão em relação à sinterização é um processo que precisa de mais energia e tempo. Além disso, o contato entre as partículas dos pós e a melhora a distribuição delas comparando com outros métodos de fabricação de compósitos, evita-se que os reforços aglomerem e precipitem (GUTMANAS, 1990; ASM HANDBOOK, 1998; NAVAS, 1999; SILVA, 2012). 21 Figura 6 – Tipos de perfis possíveis de ser obtido pelo processo de extrusão a quente: a)barras, b)perfis maciços, c)perfis ocos, e d)tubos. Fonte: (NETO, 2010) Os processos de extrusão podem ser dos seguintes tipos, a extrusão direta que neste caso o tarugo de metal é colocado no container e é pressionado através de uma matriz através de um êmbolo. O estampo é posicionado no extremo do êmbolo em contato com o tarugo. Neste caso o atrito entre o tarugo e o container é muito elevado, exigindo alta carga para extrusão. A outra é extrusão indireta que neste caso o próprio êmbolo, vazado, conduz a matriz, enquanto o outro extremo do container é fechado por uma placa, à figura 7 e 8 ilustra os dois tipos de processos de extrusão o de forma direta e indireta (NETO, 2010). Figura 7 – Processo de extrusão direta. Fonte: (NETO, 2010) 22 Figura 8 – Processo de extrusão indireta. Fonte: (NETO, 2010) A resistência do material longitudinal para ligas da série 2XXX, por exemplo, ficam entre 8 e 20% maior do que as ligas obtidas por outros métodos, como fundição, por exemplo (SILVA, 2012). A extrusão de pós de alumínio tende a quebrar a camada de óxido formado sobre as partículas, dispersando bem este óxido durante o processo e aumentando a coesão entre as partículas do pó. A extrusão também causa ruptura e separação das partículas do reforço, favorecendo a sua distribuição, assegurando um material compósito homogêneo (GUTMANAS, 1990, NAVAS 1999, SILVA, 2012). Os tratamentos térmicos aplicados para consolidação do pós nessas ligas são T0, T4 e T6, os quais serão explicados a seguir:  No tratamento T0 utilizou-se o recozimento para eliminar o excesso de tensões residuais, quando o material for submetido a elevados esforços de deformação. Aumenta alongamento e ductilidade, diminuindo a resistência.  O tratamento térmico T4 realizou-se solubilização, têmpera e envelhecimento natural. Aplicado em ligas cujo processo de envelhecimento requer horas e com muitos dias a temperatura ambiente. Boa resistência e ductilidade máxima.  Para valores maiores para resistência do que T4, o tratamento T6 é realizado, primeiramente aplicou-se a solubilização, têmpera e envelhecimento artificial com a temperatura controlada (CALLISTER, 2008). 23 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para melhor entendimento dos métodos utilizados neste trabalho, a Figura 9, representa um fluxograma que mostra, de um modo geral, a sequência realizada no trabalho. Figura 9 – Fluxograma do trabalho feito. Fonte: (do autor) 3.1 OBTENÇÃO DA LIGA BASE Primeiramente para formar a liga de alumínio AA2014, através da moagem no moinho atritor HD01 – fabricante Union Press, misturou-se manualmente por 15 minutos os pós que compõe a liga e mais o agente de controle de processo (PCA) que impede que o pó grude na parede do recipiente e evita a formação de aglomerados, a Tabela 3 representa as porcentagens de cada elemento utilizado. Tabela 3 – Composição percentual da liga AA2014. Cu Si Mg Al PCA 4,5 0,7 0,5 94,3 1,5 Fonte: (do autor) Pesagem dos pós +1,5% de PCA Moinho Atritor por 10h Adição de TiO2 e +1,5% de PCA Moinho Atritor por 30min Compactação 450 MPa Extrusão 580MPa Tratamento Térmico T6 24 Posteriormente colocou-se a mistura no recipiente do atritor utilizando um tempo de moagem de 10 horas, a razão de esferas de aço/carga de 20:1 e velocidade de rotação de 500 rotações por minuto. O gás inerte (argônio) tem como função evitar que o material seja contaminado e oxidado. O moinho em que se realizou a moagem está mostrado na figura 10. Figura 10 – Moinho Atritor. Fonte: (do autor) 3.2 ADIÇÃO DE REFORÇO O óxido de titânio adicionado, doado pela empresa LCW Corantes, é um pó fino de coloração branca, com tamanho de partícula de 21 nm, segundo especificações do fabricante. Com liga AA2014 em pó, adiciona-se TiO2 (5%) e PCA (1,5%) e mistura-se manualmente com 5 esferas de aço por 15 minutos. Realizando-se o processo de moagem no moinho atritor com os mesmos parâmetros de moagem mencionados anteriormente, porém o tempo de moagem muda-se para 30 minutos. 3.3 COMPACTAÇÃO Com o compósito finalizado realizou-se a compactação à verde. Neste processo de compactação, foi colocado o compósito em uma matriz cilíndrica de 25 mm de diâmetro, com uma pressão uniaxial a frio de 450 MPa a velocidade de 10mm/min. O PCA utilizado para lubrificação nas paredes da matriz, facilita o movimento do punção em relação a matriz. As 10 amostras obtidas pesam cerca de 28g cada uma. A figura 11 ilustra onde as amostras em pós foram compactadas em uma máquina universal de ensaios mecânicos EMIC DL 30000 na 25 UDESC-Joinville, utilizando-se uma pressão de 450 MPa e velocidade de ensaio de 10 mm/min. Figura 11 – Processo de compactação. Fonte: (do autor) 3.4 EXTRUSÃO A QUENTE Após a compactação os corpos de prova foram submetidos processo de extrusão direta a quente. As amostras foram lubrificadas com grafite, assim como as paredes da matriz, punção e a fieira. O sistema foi aquecido a 490°C durante 30 minutos para garantir sua homogeneização completa e em seguida aplica-se uma pressão de 580 MPa para se realizar a extrusão, a figura 12 ilustra o equipamento utilizado para extrusão a quente com forno circular na máquina de ensaio (KAZMIERCZAK, 2013). 26 Figura 12 – Equipamento para realizar a extrusão a quente. Fonte: (SILVA, 2012) 3.5 TRATAMENTO TÉRMICO Com o intuito de melhorar as propriedades mecânicas da liga AA2014, realizou-se tratamento térmico T6 de solubilização, têmpera e envelhecimento artificial com a temperatura controlada. O processo é efetuado da seguinte forma: solubilização em banho de sais, a 490°C durante 35minutos, têmpera por imersão em água à temperatura ambiente e a precipitação em forno tipo mufla a 160°C por 18 horas, resfriamento ao forno. Posteriormente algumas amostras foram submetidas a diferentes tratamentos térmicos, que serão mostrados em resultados e discussões (KAZMIERCZAK, 2013). 3.6 CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES Neste trabalho foram analisadas as características dos pós. Em relação a sua composição química, morfologia, distribuição granulométrica e dureza. Posteriormente a extrusão, as amostras foram inicialmente lixadas, polidas com solução de alumina e ataque químico com HF, para serem analisadas no microscópio ótico (MO), microscópico eletrônico de varredura (MEV) e para o estudo granulométrico do pó, utilizou-se o Analisador de Tamanho de Partículas a Laser, modelo SALD 2201 (KAZMIERCZAK, 2013). 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PÓS Após a moagem da liga de alumínio AA2014 com o reforço de nanopartículas de TiO2 (5%), os pós foram preparados para serem analisados em MEV. Pelas imagens obtidas, verificou-se sua morfologia. Pode-se observar pela figura 13, que as partículas possuem uma forma equiaxial e uma distribuição uniforme do dióxido de titânio (TiO2), porém as regiões brancas (indicadas por círculos), significam que as nanopartículas se aglomeraram. Figura 13 – Micrografias dos pós da liga AA2014 com partículas dióxido de titânio. Fonte: (do autor) Conforme os resultados do Analisador de Tamanho de Partículas a Laser, as partículas do pó da liga de alumínio representa um diâmetro, em média de 60,0 μm. Com a adição de nanopartículas de TiO2 (5%) e a moagem de alta energia por 30 minutos, altera-se a morfologia das partículas, que em média essas partículas estão com diâmetro de 7,0 μm. A 28 Figura 14 ilustra a distribuição granulométrica da liga alumínio AA2014 e do compósito (KAZMIERCZAK, 2013). Figura 14 – Distribuição granulométrica da (a) liga alumínio e do (b) compósito. Fonte: (KAZMIERCZAK, 2013) 4.2 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO REFORÇO NA CONSOLIDAÇÃO E DOS DIFERENTES TIPOS DE TRATAMENTOS TÉRMICOS Posteriormente, ao processo da extrusão direta a quente e o tratamento térmico T6 do compósito, as amostras foram preparadas para serem analisadas no MEV, pelas imagens obtidas, verificou-se sua morfologia. A Figura 15 (a) pode-se observar homogeneidade da amostra, pois se realizou as moagens somente no moinho atritor, da liga alumínio e logo em seguida com a adição do reforço. A imagem figura 15 (b) foi realizada em um trabalho anterior, da liga 2014 com reforço, mudou-se somente o tipo de moagem do reforço (TiO2), que se realizou-se no moinho planetário por 30 minutos. Analisando as duas imagens pode-se a) b) 29 observar que com o processo de moagem diferente, a figura 17 (a) apresenta uma morfologia do compósito muito mais homogêneo (SILVA, 2012). Figura 15 – Micrografias, obtidas em MEV da liga AA2014 com nanopartículas dióxido de titânio, a) liga 2014 com 5% de reforço (2500x); b) liga 2014 com reforço (3000x). Todos extrudados e somente com tratamentos térmico T6. a) b) 2500X 3000X Fonte: (do autor (a) e SILVA, 2012 (b)) Para obtenção de melhores resultados aplicou-se novos tratamentos térmicos após o tratamento térmico T6. A seguir serão explicados na Tabela 4 como se realizou cada amostra: Tabela 4 – Amostras realizadas no estudo. Amostras Tratamento Térmicos Amostra 0 Sem tratamento térmico. Amostra 1 Somente com o tratamento térmico T6. Amostra 2 Tratamento térmico T6, recozimento até 400°C por 30 minutos e resfriamento no forno. Amostra 3 Tratamento térmico T6, recozimento até 400°C por 30 minutos, resfriamento no forno e têmpera até 500°C por 45minutos. Fonte: (do autor) 30 A Figura 16 mostra que a liga com o reforço está distribuído de uma forma homogênea. Na Figura 16(a) apresenta-se menor quantidade de aglomerados de TiO2, os quais estão distribuídos uniformemente na direção de extrusão, como também nas Figura 16(b) e Figura 16(c). Figura 16 – Micrografias, obtidas em MO da liga AA2014 com nanopartículas dióxido de titânio, a) Amostra 1 (400x); b) Amostra 2 (400x) ; c) Amostra 3 (400x). a) b) c) Fonte: (do autor) 31 As Figuras 17(a), 17(b) e 17(c) mostram de que forma se distribuíram os precipitados e o reforço devido ao processo de extrusão seguido de tratamentos térmicos. E na Figura 17(b) pode-se observar que as partículas de TiO2 estão distribuídas de forma mais homogênea e ausência de poros. Figura 17 – Micrografias, obtidas em MEV da liga AA2014 com partículas dióxido de titânio, a) Amostra 1 (2000x); b) Amostra 2 (2000x) ; c) Amostra 3 (2000x). a) b) c) Fonte: (do autor) 32 4.3 ANÁLISE DE DUREZA A dureza das amostras foi realizada nas seções transversais (TV) e longitudinais (LG). Foi analisado o endurecimento causado pelo processo de extrusão com diferentes tratamentos térmicos, como mostra a Tabela 5. A dureza foi realizada com uma força de 4,980 newtons e com tempo de pressionamento de 10 segundos. Comparando com trabalho que se se realizou anteriormente (figura 18), com várias concentrações de TiO2, com o processo de extrusão e o tratamento térmico T6, verificou-se uma aproximação do valor de dureza da amostra 1 com o valor do gráfico (concentração de 5% de TiO2). Tabela 5 – Dureza das amostras. Fonte: (do autor) Figura 18 – Dureza da liga base e dos compósitos reforçados com TiO2 no estado extrudado e extrudado com tratamento térmico. Fonte: (SILVA, 2012) Seção TV Desvio Padrão Seção LG Desvio Padrão Amostra 0 168,0 ±1,7 181,3 ±2,1 Amostra 1 151,3 ±3,5 148,0 ±3,3 Amostra 2 155,7 ±1,5 156,7 ±2,2 Amostra 3 137,3 ±3,5 138,0 ±3,2 DUREZA HV 33 5 CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos podemos chegar as seguintes conclusões: A moagem no moinho atritor de 10 horas da liga base AA2014 e a moagem adicional de 30 minutos com adição de TiO2 foi suficiente para que o pó atingisse um resulatdo, pois apresentou homogeneidade e poucos poros. O pó quando submetido à compactação com posterior extrusão obtém-se uma maior coesão entre as partículas do pó conforme realizados em trabalhos anteriores. A extrusão mantém uma distribuição homogênea dos precipitados e uma direcionalidade das propriedades na direção da extrusão. Neste processo é possível obter um material com melhores propriedades, com maior coesão entre as partículas do pó, e com os tratamentos térmicos podem-se agregar novas propriedades. No entanto, a aglomeração observada por MEV, do TiO2 na matriz, influencia nas propriedades mecânicas do compósito. A dureza do material somente extrudado foi maior devido ao encruamento e podem ter ocorrido precipitações sobre estruturas deformadas do corpo de prova, já as amostras com os tratamentos térmicos a dureza foi relativamente mais baixa. Este tipo de tratamento chama-se termomecânico. Neste caso é uma etapa intermediária do processo. 34 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAL. Disponível em: Acesso em: 15 Nov. 2013. BRAVO SALAZAR, J. A. Estudo do Processo de Fabricação de Compósitos AA6061+TiCN por Sinterização com Fase Líquida e Caracterização do Produto. 2007. 199 f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – UNICAMP, Campinas. 2007. BREITENBACH, E. R. Obtenção do compósito de matriz AA2024 com dispersão de Al4C3 por moagem de alta energia. 2011. 90 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville. 2011. CALLISTER, W. D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 7ed. LTC, São Paulo, 2008. CHIAVERINI, V. Metalurgia do Pó – Técnica e Produtos. 3. Ed. São Paulo: ABM, 1992. 352 p. ERICH, D.L. Metal-Matrix Composites: Problems, Applications and Potential in the P/M Industry.Progress in Powder Metallurgy. v.46, p.45-65, 1986. ESPINOZA, J. S. Q., Compósitos de matriz de alumínio reforçados com aluminetos de níquel: fabricação e caracterização mecânica e estrutural. 2002. 131 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville. 2002. FOGAGNOLO, J. B. et all. Effect of mechanical alloying on the morphology, microstructure and properties of aluminium matrix composite powders.Materials Science and Engineering A. v. 342, p.131-143, 2003. GUTMANAS, E. Y. Materials with fine microstructures by advanced powder metallurgy. Progress in Materials Science.v.34, p.261-366, 1990. HOSKING, F.M. et all. Composites of aluminum alloys: Fabrication and wear behavior. Journal of Materials Science. v. 17, p. 477-498, 1982. KAZMIERCZAK, K. Obtenção de compósito de matriz de alumínio AA2014, reforçado com nanopartículas de TiO2, por metalurgia do pó. 2013. 19 f. Qualificação (Exame de Qualificação em Ciência e Engenharia de Materiais) – Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville. 2013. KLEINER, S. et all.Decomposition of process control agent during mechanical milling and its influence on displacement reactions in the Al- TiO2 system. Materials Chemistry and Physics. v. 89, p. 362 – 366, 2004. KLEIN, A. N. Metalurgia do pó e suas potencialidades para o desenvolvimento de novos materiais. 200 p. 2010. 35 LINDROOS, V.K., TALVITIE, M.J. Recent Advances in Metal Matrix Composites.Journal of Materials Processing Technology. v. 53, p.273-284, 1995. MATTHEWS, R.; RAWLINGS, D. Composite materials: Engineering and Science. [S.I.]: Chapman e Hall, 1994. METALURGIA DO PO. Disponível em: < http://www.metalurgiadopo.com.br/> Acesso em: 15 Nov. 2013. NAVAS, E. M. R. Materiales compuestos de matriz de aluminio reforzados comcarburos. Optimizacion del processo de obtencion via aleacion mecanica. 1999. 245 p.Tesis Doctoral, Universidad Politecnica de Madrid – Escuela Tecnica Superior de Ingenierosde Minas. NETO, A. O. Processos de fabricação por conformação mecânica - Apostila, Dem- UDESC, Revisão Maio/2010. NOTÍCIAS Brasil Alemanha News. Disponível em: Acesso em: 15 Nov. 2013. POLMEAR, I. J. Light alloys - Metallurgy of the light metals. 3. ed. London: Arnold, 1995. 361 p. SILVA, F. C. Influência da adição de nanopartículas de TiO2 na obtenção de compósitos a base de liga AA2014 fabricada via metalurgia do pó. 2012. 93 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville. 2012. SIVASANKARAN, S. et all. Synthesis, structure and sinterability of 6061 AA100−x–x wt.% TiO2 composites prepared by high-energy ball milling. Journal of Alloys and Compounds. v. 491, p. 712-721, 2010. SON, H. T. et all. Material Science Engineering.v. A 348 (1-2), p. 163-169, 2003. SURYANARAYANA, C. Mechanical alloying and milling.Progress in Materials Science, v. 46, p 1-184, 2001. SURYANARAYANA, C.; IVANOV, E.; BOLDYREV, V. V.The science and technology of mechanical alloying.Materials Science and Engineering, v. A304-306, p. 151-158, 2001. WEI, W. Metals and Materials, v 8, p 430, 1998. ZANATTA, A. M. Estudoda influência do tratamento térmico e do tipo de reforço nas propriedades de compósitos obtidos via metalurgia do pó. 2007. 107 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade do Estado de Santa Catarina, Joinville. 2007.