UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS – CAV CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA CINTIA PINTO DA CUNHA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO: CLÍNICA MÉDICA, CIRURGIA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS LAGES, SC 2024 CINTIA PINTO DA CUNHA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO: CLÍNICA MÉDICA, CIRURGIA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS Relatório de Estágio Curricular Obrigatório apresentado ao curso de Medicina Veterinária do Centro de Ciências Agroveterinárias, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária. Orientadora: Profª. Drª. Verônica Flores da Cunha Scheeren LAGES, SC 2024 À minha família, e aos meus amigos que nunca deixaram de acreditar no meu sonho, formando uma rede de apoio que tornou tudo isso possível. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha mãe Wanely Dias Baltor, por ser um exemplo de mulher, mesmo enfrentando todas as adversidades da vida me ensinou sobre manter o pensamento positivo, e a não se deixar esmorecer diante das dificuldades, sempre foi minha fonte de inspiração com suas atitudes e palavras de apoio. Levarei para a minha vida profissional e pessoal todas as nossas experiências, que me tornaram quem eu sou hoje. Eu amo você. Ao meu padrasto Getúlio que sempre foi presente na minha criação, e nunca me faltou com incentivos em todos os âmbitos da minha vida, com o passar dos anos se tornou meu pai de coração. Agradeço especialmente meus irmãos Roberta Coimbra da Cunha e Derek Cunha, por toda a ajuda, apoio, conselhos, conversas, risadas, por nunca me deixarem faltar nada. Vocês foram essenciais. Eu amo vocês. A todas as amizades feitas durante a graduação, em especial Amanda Camargo de Freitas, Amanda Larissa Vicente Medeiros, Alana Del Magro Grando, Bruna Puttkamer, Maria Alice Felisberto, Mateus Henrique, Robson Martins. Muito obrigada por não deixarem de acreditar na minha trajetória, me dando força e inspiração a chegar até o fim. Sou grata pelo incentivo e poio das minhas amigas e irmãs de coração, Nurya Tauloe Nuñes e Laura Feltrin de Bem, que estiveram comigo nos momentos alegres e de dificuldades, nunca me faltando com palavras de apoio, dando forças para eu não desistir desse grande sonho. As minhas professoras e mestres MSc. Aimé Friso e Profª Drª Verônica Flores da Cunha Schereen, obrigada por toda dedicação, ensinamentos compartilhados, incentivo, confiança e oportunidades dadas, vocês mudaram o curso da minha história. Agradeço a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), e todos os professores que se passaram no período da minha graduação, em especial aos que marcaram a minha trajetória Prof. Dr. Celso Pilati e Profª. Drª Eloá Kaguimoto. Aos locais onde realizei meu estágio curricular, muito obrigado, ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria, setor de clínica médica de equinos, a todos os médicos veterinários, pesquisadores, especialmente professores e orientadores Profª Drª Roberta Carneiro de Fontoura Pereira e PhD Prof. Dr. Flavio Desessards De La Côrte, assim como, ao Haras Old Friends, em especial ao médico veterinário MSc Emílio Viegas Cásseres de Borba, e funcionários que foram fundamentais ao meu aprendizado, agradeço por todo ensinamento passado e toda oportunidade que me foi permitia. “Dos haras da Europa e da América, com seus piquetes verde-esmeralda, aos da imensidão do campo suavemente ondulado do sul do Brasil, onde os limites da terra só são percebidos no encontro do céu com a linha do horizonte, a criação de cavalo de corridas é uma arte que aproxima os homens do que há de mais solene e plácido na natureza.” Sergio Barcellos RESUMO CUNHA, Cintia Pinto. RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO: CLÍNICA MÉDICA CIRURGIA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS, 2024. 45 f. Graduação em Medicina Veterinária (Relatório de Estágio) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, SC, 2024. A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária da Universidade do Estado de Santa Catarina representa diversos desafios ao acadêmico e proporciona novas experiências, além da aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos ao longo da graduação. A união da teoria com a prática possibilita o desenvolvimento de habilidades necessárias ao longo da vida profissional, que junto ao contato com diferentes profissionais, tutores e pacientes, estimula a confiança e a praticidade dentro das mais variadas situações clínicas. Este relatório tem a finalidade de descrever as experiências obtidas na realização do estágio curricular obrigatório supervisionado, bem como, elucidar a rotina acompanhada em dois diferentes locais de estágio. No primeiro local, na área de clínica médica e cirúrgica de equinos, no Hospital Veterinário da Faculdade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, e no segundo local, na área de reprodução e obstetrícia equina, realizado no Haras Old Friends, Bagé, Rio Grande do Sul. Palavras-chave: Orquiectomia. Epididimite. Parto. Obstetrícia. ABSTRACT CUNHA, Cintia Pinto. REPORT OF MANDATORY CURRICULAR INTERNSHIP: MEDICAL CLINIC, SURGERY AND EQUINE REPRODUCTION. 2024. 45 f. Degree in Veterinary Medicine (Internship Report) – State University of Santa Catarina, Center for Agroveterinary Sciences, Lages, SC, 2024. The completion of the Supervised Internship in Veterinary Medicine at the Universidade do Estado Santa Catarina presents various challenges for students and provides new experiences, along with the application of knowledge acquired throughout the course. The integration of theory and practice allows for the development of essential skills for a professional career, and contact with different professionals, clients, and patients fosters confidence and practicality in a wide range of clinical situations. This report aims to describe the experiences gained during the mandatory supervised internship and to clarify the routine followed at two different internship locations. The first location is in the field of medical and surgical equine practice at the Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, and the second location is in the area of equine reproduction and obstetrics at Old Friends Farm in Bagé, Rio Grande do Sul. Key-words: Orchiectomy. Epididymitis. Parturition. Obstetrics. LISTA DE TABELAS Tabela 1– Atividades realizadas durante o estágio curricular obrigatório, na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM) no período de 29 de julho à 20 de setembro de 2024. ___________ 21 Tabela 2– Afecções clínicas acompanhadas durante o estágio curricular obrigatório, na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM) no período de 29 de julho à 20 de setembro de 2024. _________________________________________________________________ 22 Tabela 3 – Atividades desenvolvidas e acompanhadas durante o estágio curricular obrigatório, Haras Old Friends no período de 20 de setembro à 20 de outubro de 2024. (Continua). ________________________________________________________ 34 Tabela 3 – Atividades desenvolvidas e acompanhadas durante o estágio curricular obrigatório, Haras Old Friends no período de 20 de setembro à 20 de outubro de 2024. (Final). ___________________________________________________________ 35 Tabela 4 - Partos acompanhados no Haras Old Friends no período de 20 de setembro a 20 de outubro de 2024. _____________________________________________ 40 Tabela 5 - Dados coletados dos potros nascidos no Haras Old Friends no período de 20 de setembro a 20 de outubro de 2024. (continua) 40 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Pavilhão interno do Bloco 4 do Hospital Veterinário Universitário da UFSM _________________________________________________________________ 18 Figura 2 – Pavilhão interno do Bloco 4 do Hospital Veterinário Universitário da UFSM a) Tronco de contenção, b) Ambulatório. _________________________________ 18 Figura 3 – Figura 3 –Bloco cirúrgico da Clínica de Equinos Bloco 4 do Hospital Veterinário Universitário da UFSM. a) Sala de indução e recuperação anestésica, b) Depósito de instrumentos e materiais cirúrgicos c) Área cirúrgica d) Sala de antissepsia. _______________________________________________________ 19 Figura 4 - Imagem de ultrassom do testículo esquerdo, apresentando diferentes padrões de ecogenicidade, demonstrando área com padrão cístico 27 Figura 5 – a) Testículo no momento em que foi retirado da bolsa, ainda em cirurgia. b) Vista após aberto o testículo, evidenciando moderada redução do parênquima testicular e espessamento das túnicas parietal e vaginal, na seringa líquido que estava presente na região do epidídimo. ______________________________________ 28 Figura 6 – a) Pavilhão Maternidade entrada, b) tronco de contenção e aparelho de ultrassom do Haras Old Friends. _______________________________________ 33 Figura 7 – Vista de frente da baia destinada aos partos, no pavilhão maternidade do Haras Old Friends. __________________________________________________ 39 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS µg Microgramas µL Microlitros BH Brasileriro de Hipismo BID Bis in die (duas vezes ao dia) CAV Centro de Ciências Agroveterinárias HVU Hospital veterinário universitário GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofinas IV Intravenoso Kg Quilograma m Metros Mg Miligrama mL Mililitros Mm Milímetros MTD Membro torácico direito MTE Membro torácico esquerdo PSI Puro Sangue Inglês QID Quater in die (quatro vezes ao dia) SID Semel in die (uma vez ao dia) UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina UFSM Universidade Federal de Santa Maria UI Unidades Internacionais IDENTIFICAÇÃO DE ESTÁGIO I Nome do Estagiário: Cintia Pinto da Cunha Área de Estágio: Clínica médica e cirúrgica de equinos Empresa ou Órgão: Universidade Federal de Santa Maria Endereço: Cidade Universitária “Prof. José Mariano da Rocha Filho”, Prédio 97, Bairro Camobi, Santa Maria, Rio grande do Sul Supervisor do Estágio: Profª. Drª. Roberta Carneiro de Fontoura Pereira Orientador: Profª. Drª. Verônica Flores da Cunha Schereen Carga Horária: 320 horas Período: 29/07/2024 a 20/09/2024 IDENTIFICAÇÃO DE ESTÁGIO II Nome do Estagiário: Cintia Pinto da Cunha Área de Estágio: Clínica, Reprodução e Obstetrícia de Equinos Empresa ou Órgão: Haras Old Friends Endereço: Br 153-km 647, bairro José Otávio, Bagé, Rio Grande do Sul Supervisor do Estágio: Médico Veterinário MSc Emílio Borba Orientador: Profa. Dra. Verônica Flores da Cunha Schereen Carga Horária: 168 horas Período: 20/09/2024 a 20/10/2024 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16 2 ESTÁGIO I: HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (HVU-UFSM) – CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE EQUINOS ............................................................... 17 2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ............................................................. 17 2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................................................... 20 2.3 CASUÍSTICA ....................................................................................................... 21 3 DESCRIÇÃO DE CASO ......................................................................................... 25 3.1 EPIDIDIMITE EM GARANHÃO DA RAÇA CRIOULA: RELATO DE CASO ......... 25 3.1.1 Introdução ....................................................................................................... 25 3.1.2 Relato de caso ................................................................................................ 26 3.1.3Discussão ........................................................................................................ 29 4 ESTÁGIO II: REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE EQUINOS – HARAS OLD FRIENDS ......................................................................................... 32 4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ............................................................. 32 4.2 FUNCIONAMENTO DO HARAS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................. 33 4.3 CASUÍSTICA ....................................................................................................... 34 5 DESCRIÇÃO DE CASO ......................................................................................... 37 5.1 OBSTETRÍCIA – PARTO EM ÉGUAS PURO SANGUE INGLÊS ....................... 37 5.1.1 Introdução ....................................................................................................... 37 5.1.2 Rotina de parto ............................................................................................... 38 5.1.3Discussão ........................................................................................................ 41 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 43 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 44 1 INTRODUÇÃO A etapa correspondente a realização do estágio curricular obrigatório é de extrema importância para o desenvolvimento do acadêmico que logo se inserirá no mercado de trabalho. A aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo da graduação, o contato com outros profissionais da área e as oportunidades de aprendizado são essenciais para a formação dos novos Médicos Veterinários. O estágio curricular supervisionado do presente relatório foi realizado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM), na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, no período de 29 de agosto à 20 de setembro de 2024, sob supervisão interna da Profª. Drª. Roberta Carneiro da Fontoura Pereira. Também fora realizado no Haras Old Friends, na cidade de Bagé, no estado do Rio Grande do Sul, no período de 20 de setembro à 20 de outubro de 2024, com supervisão do Médico Veterinária Emílio Borba, tendo em ambos locais orientação do Profª Drª Verônica Flores da Cunha Schereen. A área de Clínica e Cirurgia de Equinos foi escolhida devido a afinidade e interesse por essa, onde o Bloco 4 do HVU-UFSM apresenta alta e diversificada casuística, com excelente infraestrutura e dispondo de profissionais excepcionalmente qualificados. A escolha pelo Haras Old Friends se reflete pela estima envolvendo a criação de cavalos Puro Sangue Inglês, tendo o acompanhamento desde os partos, primeiros cuidados com os neonatos, a controle reprodutivos, a manejo e casqueamento corretivo dos potros. Dessa forma o presente relatório busca apresentar as atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, descrevendo todas as atividades e procedimentos realizados nos períodos, assim como, as estruturas dos locais, funcionamento e casuísticas. 2 ESTÁGIO I: HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (HVU-UFSM) – CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE EQUINOS 2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO Inaugurado em 6 de outubro de 1973, o Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria fica localizado na Avenida Roraima, n° 1000, cidade universitária, no bairro Camobi, no município de Santa Maria-RS. O HVU- UFSM oportuniza atendimento para pequenos e grandes animais da comunidade de Santa Maria e região, com horários de atendimento da 7:30h às 19:30h, de segunda a sexta-feira. Tem também como objetivo oportunizar o seguimento das aulas teórico- práticas e demais atividades do curso de Medicina Veterinária da UFSM. O HVU-UFSM atualmente é coordenado pelo médico veterinário PhD. Dr. Flávio Desessards De La Côrte. O setor de Medicina Esportiva de Equinos é localizado no Bloco 4, onde recebe animais mediante agendamento, ofertando atendimento clínico, cirúrgico e internação, dispondo de plantão noturno para serviço de enfermagem aos pacientes internados e para emergências, atuando também em atendimentos a campo. O Bloco 4 é coordenado por três professores, os quais fazem parte do Departamento de Clínica de Grandes Animais (DCGA) do HVU-UFSM, e conta com quatro médicos veterinários responsáveis, sendo esses mestrandos e doutourandos, também no momento de realização do estágio, o setor contava com 12 estagiários, sendo sete extracurriculares e cinco curriculares. A clínica de equinos conta com um pavilhão próprio, onde no espaço interno dispõe de cinco baias, sendo quatro no tamanho 4x4m e uma 5x4m, destinadas aos animais que necessitem monitoramento intensivo ou aqueles em pós-operatório (Figura 1). Já na área externa há mais sete baias 3x3m em um pavilhão afastado, que fica a disposição para aqueles animais de casos com baixa complexibilidade ou que precisem ficar em isolamento dos demais. Na fachada frontal, na área externa, há um espaço próprio para embarque e desembarque dos pacientes que chegam à clínica. Ainda em anexo no espaço interno, há um tronco de contenção para realização de alguns procedimentos que exigiam maior proteção, e um tronco de palpação para exames ginecológicos e avaliações reprodutivas. (Figura 2 A). No mesmo ambiente há um ambulatório (Figura 2 B) onde são armazenadas as medicações e fichas de cada paciente, sendo também espaço para preparação de medicações, confecção de bandagens e armazenamento de materiais de antissepsia, de atendimento e curativos. Ao lado do ambulatório existe o depósito de alimento dos animais, e em frente o alojamento dos plantonistas, local onde também são realizadas as refeições, ao lado do alojamento ficam disposição os banheiros. Figura 1 – Pavilhão interno do Bloco 4 do Hospital Veterinário Universitário da UFSM Fonte: Acervo do autor (2024) Figura 2 – Pavilhão interno do Bloco 4 do Hospital Veterinário Universitário da UFSM. a) Tronco de contenção, b) Ambulatório. a) b) Fonte: Acervo do autor (2024) O ambiente ligado à sala dos troncos possui um espaço para avaliação clínica dos pacientes que chegam ao hospital, emergência e procedimentos de curativos, que é interligado a ducha para preparação do animal para entrada na área cirúrgica ou para realização de curativos. O espaço está interligado à entrada do bloco cirúrgico, que é composto por cinco salas, sendo uma para indução e recuperação anestésica, auditório com paredes de vidro para que alunos ou proprietários possam observar procedimentos cirúrgicos, vestiário e depósito de instrumentos e materiais cirúrgicos, área de antissepsia e a própria área cirúrgica (Figuras 3). Figura 3 –Bloco cirúrgico da Clínica de Equinos do Hospital Veterinário Universitário da UFSMBloco 4 do Hospital Veterinário Universitário da UFSM. a) Sala de indução e recuperação anestésica, b) Depósito de instrumentos e materiais cirúrgicos c) Área cirúrgica d) Sala de antissepsia. a) b) c) d) Fonte: Acervo do autor (2024) A gama de setores e de profissionais dentro do HVU-UFSM permite a plena conexão entre esses, sendo assim, o bloco de equinos realiza o envio de amostras para o Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias (LACVET), onde são processadas análises de materiais biológicos dos pacientes internados, e para o Laboratório de Doenças Bacterianas (LABAC), que analisa as amostras e serve de apoio no diagnóstico, no tratamento e no controle de doenças infectocontagiosas bacterianas. Além disso, há também a parceria com o setor de Radiologia, que disponibiliza dois aparelhos radiográficos, e com o Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), no qual são realizadas as necropsias dos animais que vem a óbito ou então daqueles que são eutanasiados. 2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Na Clínica de Equinos do HVU-UFSM as atividades de rotina se iniciam às 8 horas, com a troca de plantão, e o horário de encerramento dessas varia de acordo com as exigências do dia, sendo das 18 horas às 20 horas, em situações onde não ocorrem emergências. Para os plantonistas, as atividades se iniciam às 5 horas, inicialmente com aferição dos seguintes parâmetros fisiológicos: frequência cardíaca, frequência respiratória, motilidade intestinal, temperatura, pulso digital, coloração das mucosas e tempo de perfusão capilar. O exame clínico é realizado de forma padrão em todos os pacientes, com o intervalo definido de acordo com a complexidade do quadro apresentado pelo animal, após esse são realizados os cuidados específicos de cada um, em conjunto tarefas relacionadas ao manejo em geral, como a escovação dos animais e a limpeza dos cochos de água e da cama. Em seguida, é ofertada a alimentação aos pacientes, tendo como padrão de volumoso a alfafa, e de concentrado a aveia, sendo em alguns casos ofertado pasto cortado e ração, respeitando o histórico do animal. Para acompanhamento interno da evolução do quadro do paciente, ao final de cada plantão o médico veterinário responsável que se encontrava naquele dia realizava a descrição atraves de um relatório, o qual continha a evolução e observaçoes sobre o quadro de cada paciente, este era enviado a todos os demais, professores, mestrandos, doutorandos e estagiários da clínica, a fim de todos estarem interados da evolução dos pacientes. Os prontuários físicos ficavam à disposição de todos, com a descrição de medicações e procedimentos a serem realizados de cada paciente de forma individual, eram feitos e atualizados diariamente, preenchidos pelos veterinários responsáveis, sendo a escolha da terapêutica de cada paciente estabelecida juntamente aos professores. Os estagiários não possuem tarefas específicas pré-estabelecidas nas rotinas, sendo o auxílio prestado de acordo com a necessidade das atividades previstas naquele dia. Tarefas como preparação de materiais e dos animais para aulas e procedimentos, contenção dos pacientes, coleta e destinação de materiais de exames, administração de medicamentos, auxílio dentro do bloco cirúrgico, no pré, peri e pós cirurgia, sendo como auxiliar, instrumentador, volante, ou participando da indução e recuperação anestésica. Na tabela a seguir (Tabela 1), há o demonstrativo numérico das atividades acompanhadas durante o estágio supervisionado na Clínica de Equinos HVU-UFSM. Tabela 1– Atividades realizadas durante o estágio curricular obrigatório, na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM) no período de 29 de julho a 20 de setembro de 2024. Atividade Total % Admnistração de medicamentos 130 35,61 Aferição de parâmetros 110 30,13 Coleta de sangue 35 9,58 Curativo 37 10,13 Nebulização 20 5,47 Sondagem nasogástrica 4 1,09 Terapia jugular 29 7,97 Total 365 100% Fonte: Elaborado pelo autor (2024) Conforme observado na tabela, foi oportunizado acompanhamento em diversos manejos clínicos realizados com os pacientes ao longo da rotina hospitalar, sendo essas habilidades desenvolvidas juntamente com a base teórica adquirida ao longo da graduação, essenciais para a formação de um novo médico veterinário de equinos. 2.3 CASUÍSTICA O estágio curricular obrigatório supervisionado foi realizado no bloco 4 do HVU- UFSM no período de 29 de julho a 20 de setembro de 2024. Durante este período pode-se acompanhar um total de 17 casos clínicos, envolvendo casos de baixa complexidade e alta complexidade, alguns acompanhados desde a chegada do paciente no hospital até a alta médica, outros não tiveram alta médica até o fim do período de estágio. A tabela a seguir demostra as afecções clínicas acompanhadas ao longo do período de estágio, tendo maior número de casos envolvendo sistema respiratório, gastrointestinal e sistema locomotor. Tabela 2– Afecções clínicas acompanhadas durante o estágio curricular obrigatório, na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM) no período de 29 de julho à 20 de setembro de 2024 Fonte: Elaborado pelo autor (2024). Entre os casos acompanhados, os de maior prevalência foram pleuropneumonia ou pleurite bacteriana, correspondendo a 11,76% do total, acometendo duas potras de 2 anos, ambas da raça Puro Sangue Inglês. Resultante do acúmulo de fluido exsudativo na cavidade pleuraldevido a resposta inflamatória e infecciosa, esse contém bactérias, fibrina e conteúdo celular, levando o desenvolvimento de diversas camadas de fibrina nas pleuras tanto parietal quanto visceral. As aderências das pleuras levam a compartimentalização do líquido, o que limita a expansão pulmonar e torácica durante a respiração do animal (MUNROE e WEESE, 2011). As pacientes apresentaram dois fatores de risco distintos, enquanto uma teve transporte prévio ao desenvolvimento da doença, a outra teria a suspeita de um garrotilho bastardo, o qual aumentaria a contaminação bacteriana e diminuiria as defesas pulmonares, em ambos casos, tendo assim, correlação com o citado na Afecção Número de casos % Abdômen agudo 2 11,76 Artrite séptica 1 5,88 Compactação de íleo 1 5,88 Desvio angular 2 11,76 Epididimite 1 5,88 Fratura Salter-Harris tipo II 1 5,88 Laceração em membro pélvico 1 5,88 Laminite aguda 1 5,88 Laminite crônica 1 5,88 Mieloencefalite Protozoária Equina 1 5,88 Peritonite 1 5,88 Pleuropneumonia 2 11,76 Ruptura de reto 1 5,88 Torção de raiz de mesentério 1 5,88 Total 17 100% literatura por Reuss e Steeve (2015) e Munroe e Weese (2011). Foram realizados exames periódicos para acompanhamento da evolução de ambos os casos, sendos estes: ultrassonografia de tórax, cultura bacteriológica do exudato, exame de sangue (hemograma e bioquímico), hematócrito rápido, A nebulização foi indicada para ambos os casos de pleuropneumonia, sendo o aparelho utilizado da marca Flexineb®, modelo E3, um nebulizador portátil e silencioso específico para equinos. Em um animal, o qual apresentava tosse seca, utilizou-se a aminofilina, broncodilatador que causa relaxamento na musculatura lisa das vias aéreas brônquicas e dos vasos pulmonares. Já no outro animal, em virtude dos quadros de tosse e de secreção nasal, optou-se pela utilização da N- Acetilcisteína, agente mucolítico que atua reduzindo a viscosidade do muco, auxiliando na eliminação de secreções densas acumuladas nos pulmões, tendo também propriedades antimicrobianas. O abdômen agudo foi observado em conjunto ao quadro clínico de alguns pacientes, correspondendo 5,88%. Dos casos relatados na tabela acima, um se devia a quadro de compactação de íleo, um a torção de raiz de mesentério e outro a gastrite aguda. É uma enfermidade caracterizada por dor abdominal, podendo o paciente apresentar dor branda a severa, onde a depender do quadro, o animal pode evoluir ao óbito se não prestada a devida assitência (WORMSTRAND et al., 2014). Intranquilidade, olhar para o flanco, coice direcionado ao abdômen, deitar-se e levantar, rolar, sudorese são alguns dos sinais clínicos característicos do quadro (DI FILIPPO et al., 2021). A cólica por compactação é caracterizada pela formação de massas desidratadas de ingesta que obstruem o lúmen intestinal, apesar de serem diagnosticada com maior frequência na flexura pélvica, principalmente devido a enterólitos, podem ocorrer em qualquer segmento do intestino (FERREIRA et al., 2008). Do caso relatado nesse estágio, refere-se a compactação de íleo, em um animal da raça Brasileiro de Hipismo, devido a ingesta de casca de arroz desidratada da cama, assim, conforme a ditensão ileal aumenta, maior o quadro de dor apresentado, e devido ao sequestro de fluidos no intestino e diminuição da ingestão de água, apresentava também o quadro de desidratação (MUNROE e WEESE, 2011). Indicado nos casos refratários, onde a compactação não pode ser desfeita com tratamento clínico e há aumento da dor abdominal, o paciente é submetido ao tratamento cirúrgico, por meio da laparatomia exploratória, conforme fora no caso registrado (MOORE, 2005; AUER e STICK, 2012; RADOSTITS et al., 2012). As rupturas de reto em sua maioria acontecem devido a causas iatrogênicas, principalmente durante a realização de palpações retais, assim como ocorrido no caso acompanhado, em uma égua Puro Sangue Inglês de 5 anos, a qual estava sob acompanhamento ginecológico para posterior cobetura. Outras razões para as rupturas retais podem ser coberturas naturais, administração de enemas e partos distócicos, comumente as rupturas ocorrem cerca de 20 a 30cm do anus, na porção dorsal do reto. Podem ser classificadas conforme a severidade do quadro apresentado, são classificadas de 1 a 4, sendo 1 quando há ruptura apenas das camadas mucosa e submucosa, e 4 quando há envolvimento de todas as camadas da parede do reto, sendo elas, mucosa, submucosa, muscular, serosa e mesoreto. Assim como no caso visualizado durante a realização do estágio, a paciente apresentava ruptura retal grau 4, tendo contaminação fecal da cavidade abdominal. Como maneira de confirmação do diagnóstico, fora realizada sedação do animal, palpação retal onde se confirmava a ruptura de cerca de quatro dedos, a abdominocentese evidenciando quadro de peritonite e sendo submetida a eutanásia devido a gravidade da evolução e a não responsividade aos tratamentos clínicos (MUNROE e WEESE, 2011). O desvio angular correspondeu a 11,76% dos casos, sendo um em potro da raça Brasileiro de Hipismo (BH), e outro em potra Sem Raça Definida (SRD), no primeiro caso não apresentando resolução devido a idade do animal, e no segundo sendo realizada intervenção cirúrgica, com correção bem sucedida. É um principais distúrbios ortopédicos do desenvolvimento relatados em potros, sendo o desvio valgus do carpo o quadro mais visualizado (AUER, 2012). Raças de desenvolvimento rápido, como o Puro Sangue Inglês, apresentam o quadro mais frequentemente, de maneira geral os membros torácicos são os mais afetados, podendo se apresentar de maneira uni ou bilateral. Sua etiologia é multifatorial, podendo ser devido a mau posicionamento intrauterino, supernutrição da égua no último terço, demais fatores nutricionais e hormonais, assim como fatores hereditários também estão correlacionados (MUNROE e WEESE, 2011). Foi acompanhado um caso de fratura fisearia na região distal do metatarso de um potro ,SRD, com cerca de seis meses, que havia sido envolvido em um acidente automobilístico, o que gerou uma fratura Salter-Harris tipo 2 no terceiro metatarso. Esse tipo de fratura é comum em potros em fase de desmama, geralmente resultam de grandes forças concentradas próximas a fise ou epífise do osso em questão. O manejo de fraturas que envolvam linhas de crescimento podem ser dificultadas devido as possíveis complicações, como deformidades angulares ou encurtamento ósseo, além do risco de fechamento prematuro da fise. Contudo, conforme realizado, o tratamento cirúrgico por meio da ostessíntese pode prover estabilidade a fratura, sustentação do peso em menor tempo após a correção, junto a preservação da função da placa de crescimento. Visualizada em um caso, sendo 5,88%, a artrite séptica relatada fora apresentada em um animal da raça Puro Sangue Inglês, acometido na articulação metacarpo-falangeana, especificamente no osso sesamóide medial do membro torácico esquerdo. É uma condição que gera claudicação e graves alterações locomotoras, sendo uma das patologias mais comuns dos equinos. Tendo caráter infeccioso, pode levar a destruição da cartilagem articular, em virtude das demasiadas respostas inflamatórias e desgastes da articulação sinovial do animal. Foram acompanhados dois casos de laminite, um com apresentação aguda em uma égua da raça Crioula, outro crônico, em um garanhão também da mesma raça, 5,88% respectivamente. A laminite é caracterizada pela inflamação das lâminas do casco, resultante de alteração vascular inflamatória, o que gera grande desconforto e dor aos pacientes acometidos, podendo essa ser de quadro agudo, que inicia por meio de claudicação, casco quente e pulso digital positivo, ou então crônico, quando ocorre a rotação ou afundamento da terceira falange (BAXTER et al., 2011; STASHAK, 2011; MENDES et al., 2021; NUNES & PAPA, 2023). Dentre as causas, as quais são multifatoriais, são algumas delas: alterações metabólicas, excesso de grãos na alimentação, sobrecarga de peso e excesso de exercício físico. 3 DESCRIÇÃO DE CASO 3.1 EPIDIDIMITE EM GARANHÃO DA RAÇA CRIOULA: RELATO DE CASO 3.1.1 Introdução A epididimite é uma condição inflamatória que afeta o epidídimo, estrutura que tem quatro funções principais: transporte, concentração, maturação e armazenamento dos espermatozoidea. Pode acometer todo o ducto epididimário, podendo ocorrer simultaneamente a orquite e com impacto significativo na saúde reprodutiva dos garanhões. Conforme descrito por Edwards (2008), as condições patológicas do trato reprodutivo dos garanhões incluem uma variedade de lesões, algumas das quais são únicas para a espécie equina. A epididimite podem ocorrer devido a infecções bacterianas, protozoárias, virais, ou por origem traumática. Os sintomas podem ser agudos ou crônicos como dor, aumento de volume da região, temperatura elevada, podendo ser unilateral ou bilateral. O diagnóstico pode ser realizado através de exames como palpação das estruturas e ultrassonografia. A identificação precoce e o tratamento adequado do epididimite são fundamentais para minimizar as complicações associadas e garantir a saúde reprodutiva dos animais. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de epididimite em garanhão atendido durante o estágio supervisionado, analisando a evolução clínica do animal e as intervenções realizadas. A importância deste relato reside na necessidade de compreender melhor as condições que predispõem os garanhões a desenvolver essa patologia, e aprofundar a abordagem clínica e terapêutica além de trazer uma discussão sobre o caso. 3.1.2 Relato de caso Um garanhão da raça Crioula, com quatro anos de idade, pesando 400 kg, oriundo do município de Caçapava do Sul, RS, foi admitido no Hospital Veterinário no dia 28 de agosto de 2024, às 23:30, apresentando histórico de desconforto abdominal há 10 dias. Antes da internação, o animal havia sido tratado com anti-inflamatório flunexin meglumine e recebeu hidratação com 12 litros de Ringer Lactato. Além disso, foi realizada analgesia com 10 ml de flunexin, 100 ml de Mercepton antitóxico, 100 ml de Sedacol e 2 ml de xilazina para sedação. Na primeira abordagem clínica, foram avaliados os sinais vitais do paciente, que mostraram frequência cardíaca de 56 bpm, frequência respiratória de 20 rpm, tempo de perfusão capilar de 2 segundos e temperatura corporal de 38,4 °C. Não foi identificado pulso digital e a motilidade intestinal estava diminuída na auscultação dos quadrantes esquerdos, enquanto nos quadrantes direitos estava normal. Dada a suspeita clínica principal, foram realizados exames complementares: na palpação transretal, identificou-se conteúdo na ampola retal (fezes úmidas com muco), ausência de alças distendidas e uma alça fora da posição anatômica à esquerda. A ultrassonografia abdominal revelou motilidade reduzida apenas na região ceco-cólica. Na sondagem nasogástrica, não houve refluxo e o lavado continha pasto e um pouco de muco. A paracentese foi considerada improdutiva. Além do desconforto abdominal, observou-se aumento de volume na região escrotal. Durante a palpação, o testículo esquerdo estava edemaciado e apresentava consistência firme ao toque, com diferença de tamanho em relação ao testículo direito. A ultrassonografia das estruturas testiculares revelou um padrão cístico no testículo esquerdo em região epididimária e características hipoplásicas. (Figura 4) Figura 4 - Imagem de ultrassom do testículo esquerdo, apresentando diferentes padrões de ecogenicidade, demonstrando área com padrão cístico. Fonte: Acervo do autor Considerando a suspeita inicial de síndrome cólica ou abdômen agudo, foi iniciada terapia de suporte para proporcionar alívio da dor, correção da hidratação e manutenção do equilíbrio eletrolítico. Após o exame clínico geral, o paciente foi cateterizado e iniciou-se fluidoterapia com Ringer Lactato. A conduta terapêutica incluiu dipirona (25 mg/kg IV, QID) para controle da dor, antibióticos como penicilina (22.000 UI IV, QID) e sulfato de gentamicina (dose não especificada, BID), além de caminhadas controladas periódicas e pastejo em pequenas quantidades. Diante dos sinais inconclusivos e da persistência do desconforto abdominal, optou-se por laparotomia exploratória e orquiectomia unilateral. Durante a laparotomia não foram observadas alterações nas alças intestinais que justificassem a sintomatologia clínica. O testículo esquerdo apresentava aderências na bolsa e edema no epidídimo. Após a retirada do testículo esquerdo, foi avaliado e constatou- se que estava firme ao toque, macio ao corte, evidenciando moderada redução do parênquima testicular e espessamento das túnicas parietal e vaginal, refluindo aproximadamente 60ml de líquido amarelado que estava preenchendo a região do epidídimo (figura 6). A laparotomia inconclusiva levantou a suspeita de abdômen agudo gástrico possivelmente causado por úlcera devido ao uso prolongado de anti- inflamatório em altas doses. Figura 5 – a) Testículo quando foi retirado da bolsa, ainda em cirurgia. b) Vista após aberto o testículo, evidenciando moderada redução do parênquima testicular e espessamento das túnicas parietal e visceral, na seringa líquido que estava presente na região do epidídimo. a) b) Fonte: Acervo do autor, 2024. O paciente recebeu cuidados intensivos no pós-operatório com monitoramento constante dos parâmetros fisiológicos e curativo incisional. Foi administrado protetor gástrico (omeprazol), analgesia com dipirona (25mg/kg QUID) e flunexin meglumine (1.1 mg/kg SID) por três dias, além da antibioticoterapia inicial com penicilina e sulfato de gentamicina por seis dias seguidos por mais seis dias com ceftiofur (Solucef PPU®, 2ml/50kg, SID). Para tratar a suspeita de gastrite, prescreveu-se sucralfato (1ml/10kg BID) e alimentação à base de pasto verde. Para o cuidado pós-cirúrgico da orquiectomia, duchas frias na região do testículo foram realizadas duas vezes ao dia para reduzir o edema. Nos primeiros dias após a cirurgia, o paciente continuou em fluidoterapia e apresentou episódios esporádicos de desconforto abdominal. Lidocaína (0,05mg/kg) foi adicionada ao Ringer Lactato durante esses episódios para amenizar o desconforto. Com o passar dos dias, o paciente respondeu bem à terapia aplicada, apresentando melhora significativa do quadro clínico sem sinais persistentes de desconforto abdominal. A cicatrização da incisão cirúrgica abdominal e da bolsa testicular evoluiu favoravelmente. Após treze dias de tratamento intensivo, e melhora significativa do quadro clínico o garanhão recebeu alta médica. 3.1.3 Discussão O sistema reprodutor dos garanhões é composto por diversas estruturas anatômicas que em conjunto são responsáveis pelo correto funcionamento da atividade reprodutora. O epidídimo é uma dessas estruturas e está localizado na bolsa escrotal intimamente conectado com o testículo. É um tubo único que conecta os ductos eferentes ao ducto deferente, desempenhando papel importante no trânsito, maturação e armazenamento dos espermatozoides (SAMPER, PYCOCK e MCKINNON, 2007). Três componentes anatômicos do epidídimo são reconhecidos, sendo cabeça, corpo e cauda. A cabeça do epidídimo se estende dorsalmente e está firmemente presa ao polo cranial do testículo. O corpo do epidídimo está disposto horizontalmente, dorsal ao testículo e lateral ao cordão espermático. A cauda do epidídimo está firmemente ligada ao polo caudal do testículo pelo ligamento próprio da cauda do epidídimo, ambos os quais são remanescentes do gubernáculo fetal. (SAMPER, PYCOCK e MCKINNON, 2007). À medida que as células se movem dos dutos eferentes através do ducto epididimário, elas sofrem várias mudanças, incluindo a translocação da gotícula citoplasmática de sua localização proximal ao lado da cabeça para uma localização distal na peça intermediária; aquisição de motilidade; e alterações específicas em sua membrana plasmática que permitem que os espermatozoides passem pela fertilização (MCKINNON, 2011). A epididimite é uma condição inflamatória que afeta o epidídimo e pode ter implicações significativas na saúde reprodutiva dos animais, especialmente em garanhões. A epididimite é geralmente de etiologia bacteriana e ocorre raramente como uma condição primária. Comumente associado à orquite, a epididimite pode ser ascendente, originando-se da bexiga ou glândulas sexuais acessórias, ou hematógena. A apresentação clínica inclui sinais recorrentes de dor abdominal ou inguinal, letargia e subfertilidade (MCKINNON, 2011) No caso clínico apresentado, o garanhão demonstrou sinais compatíveis com epididimite, como aumento de volume e dor na região escrotal, desconforto abdominal, além de alterações ultrassonográficas que indicavam um padrão cístico na região do testículo esquerdo e características hipoplásicas do testículo. Essas manifestações são típicas da condição e podem ser atribuídas a infecções bacterianas, que são uma das causas mais comuns de epididimite em equinos. Os agentes infecciosos mais frequentemente associados à epididimite em equinos incluem Actinobacillus seminis, Streptococcus spp., Klebsiella pneumoniae, e Pseudomonas aeruginosa (PAPA, 2020). A inflamação do epidídimo pode resultar em complicações como abscessos e atrofia testicular, levando a sérios prejuízos reprodutivos. Além disso, a dor intensa e o aumento da temperatura local são sinais que corroboram o diagnóstico clínico de epididimite. A orquiectomia unilateral realizada no garanhão foi uma decisão terapêutica crucial para controlar a inflamação e prevenir complicações adicionais. A literatura sugere que a orquiectomia é indicada em casos de epididimite crônica ou quando há suspeita de neoplasia. A identificação de uma possível epididimite crônica sem causa definida após a cirurgia reforça a importância de um diagnóstico preciso e da intervenção precoce para evitar danos permanentes ao sistema reprodutivo do animal. O tratamento da epididimite geralmente envolve o uso de antibióticos, anti- inflamatórios e medidas de suporte escrotal. O uso de penicilina e gentamicina no tratamento do garanhão está alinhado com as recomendações para manejo de infecções bacterianas no trato reprodutivo equino (VARNER et al., 2000; BAUMBER et al., 2002). Além disso, medidas de suporte como fluidoterapia e analgesia são essenciais para aliviar o desconforto e promover a recuperação. A administração de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como flunexin meglumine é frequentemente utilizada para controlar a dor e a inflamação (WHITE e SHEHAN, 2009). A recuperação do paciente após 13 dias de tratamento intensivo indica que intervenções adequadas podem levar a uma boa evolução clínica, mesmo diante da gravidade inicial da condição. O manejo adequado das doenças reprodutivas em equinos é crucial não apenas para a saúde individual dos animais, mas também para a produtividade do rebanho como um todo. O acompanhamento veterinário contínuo e a implementação de práticas preventivas são fundamentais para minimizar os riscos associados às doenças reprodutivas nos garanhões. Vale ressaltar que a epididimite pode acometer todo o ducto epididimário — cabeça, corpo e cauda — podendo coexistir com orquite. As formas crônicas da doença podem levar à fibrose inflamatória, resultando em endurecimento e aumento do volume do epidídimo. O diagnóstico das epididimites é realizado através do exame andrológico com palpação dos ductos epididimários, ultrassonografia e exame bacteriológico do sêmen. A palpação deve ser feita comparativamente para verificar assimetrias ou alterações na consistência dos epidídimos (PAPA, 2020). Em casos agudos de epididimite, os garanhões podem apresentar dor intensa que impede a ejaculação normal. Nestes casos, pode ser necessário o uso de anti- inflamatórios não esteroides ou sedativos em baixas doses para facilitar o processo ejaculatório. O prognóstico para as epididimites é frequentemente reservado quando causadas por agentes infecciosos, uma vez que podem resultar em obstruções dos ductos epididimários ou formação de granulomas. Em suma, o manejo da epididimite em garanhões requer uma abordagem cuidadosa que inclua diagnóstico precoce, tratamento adequado e monitoramento pós-operatório rigoroso. A experiência clínica demonstrada neste caso reforça a importância da vigilância constante sobre a saúde reprodutiva dos animais para garantir sua fertilidade e bem-estar geral. 4 ESTÁGIO II: REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE EQUINOS – HARAS OLD FRIENDS 4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO O Haras Old Friends foi construído em 1994 e teve início das suas atividades em 2005, tendo quase 20 anos de história na criação de cavalos Puro Sangue Inglês de corrida, acrescentando com genética de qualidade, tendo animais de alto padrão correndo em provas de grande importância para o turfe Brasileiro. O haras atualmente conta com uma equipe composta por: um médico veterinário e administrador MSc Emílio Viegas Cásseres de Borba, um médico veterinário interno Bruno Belmont, um enfermeiro Vilmo Cavalheiro, e uma equipe de 11 funcionários que executavam tarefas relacionadas ao manejo dos animais. O plantel é composto por 150 animais, destes: éguas em fase de gestação, pós-parto e lactação, quatro garanhões em temporada reprodutiva, e potros de sobreano. A propriedade conta com 240 hectares de área destinada a criação de equinos, sendo composta pela sede onde se localiza o escritório, 22 piquetes, área de estocagem de grãos, pastagem de feno destinada a alimentação dos animais, e palha para forragem das baias. Além disso conta com três pavilhões principais localizados em partes centrais, sendo estes: maternidade, dos garanhões e dos potros. O pavilhão da maternidade é dividido em 20 baias, destas 4 são centrais e destinadas aos partos e as demais são destinadas as éguas prenhes próximas da data de parição. A maternidade também é composta um banheiro, disponibilizado para os colaboradores, um depósito de ração, uma balança para controle do peso dos potros, um tronco para contenção com um aparelho de ultrassom a disposição, balcões com pias, e uma farmácia com geladeira, armários, um quadro de anotações, nesta ficavam dispostas as medicações, materiais cirúrgicos, e materiais para manejo de feridas e bandagens (figura 6). O pavilhão dos potros é composto por 48 cocheiras, uma balança, farmácia, depósito para feno, banheiro, tronco de contenção com ultrassom, balcão com pia, área externa com lavatório para os animais, carregador e uma esterqueira. Ao lado do pavilhão, há um redondel automatizado para os cavalos estabulados que estão em fase de doma e treinamento se exercitarem. Figura 6 – a) Pavilhão Maternidade entrada, b) tronco de contenção e aparelho de ultrassom do Haras Old Friends. a) b) Fonte: Acervo do autor (2024) O pavilhão dos garanhões é composto por três cocheiras de 4x6 m², as quais contêm 2 cochos de cimento, sendo um para ração e outro para água, e um laboratório para análise de sêmen e mantença dos materiais utilizados nas coberturas. Atrás do pavilhão fica uma estrutura especial para coberturas com paredes acolchoadas e o chão é forrado com borracha de pneu moída e areia fina para garantir maciez e prevenir riscos de lesões que possam vir a acontecer. O interior também conta com um tronco para palpação e uma baia para potros, utilizada para éguas com cria ao pé quando trazidas para a cobertura. 4.2 FUNCIONAMENTO DO HARAS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS A rotina do haras inicia às 6:50 da manhã no pavilhão da maternidade, com a escovação e soltura das éguas prenhes que se encontravam estabuladas, após isso limpeza e organização do ambiente para deixar pronto para as 8 horas dar início às palpações para acompanhamentos foliculares e diagnóstico gestacional das éguas, feitos através da palpação e ultrassonografia transretal. Após isto o estagiário acompanhado dos veterinários iniciava a rotina de acompanhamento dos potros recém-nascidos. O umbigo era tratado com solução de iodo a 5%. Primeiro, verifica-se se está seco e, em seguida, o umbigo era imerso na solução por alguns segundos em um recipiente próprio com solução de iodo com um pouco de clorexidina 2%. A avaliação geral dos potros era realizada, com foco na atitude e postura, se houve amamentação, e nos membros, que podem apresentar desvios angulares ou contraturas de tendões e hiperextensão. Se algum potro apresentar desvio angular, o casqueamento corretivo era feito pelo veterinário. Em conjunto era realizada a avaliação das vulvas das éguas paridas, se apresentassem inflamação na região de sutura, a limpeza era realizada com iodo degermante, gaze, água oxigenada, caso contrário era feita apenas a aplicação de spray antiparasitário (spray prata). Em seguida, eram percorridos e verificados os piquetes dos potros desmamados, das éguas prenhes e o pavilhão dos potros. Quando necessário era feito a aplicação de medicações, limpeza de ferimentos, curativos e colocação de ataduras. As atividades diárias variavam de acordo com as necessidades e intercorrências que ocorriam no haras ao longo do dia. Todos os partos acompanhados durante o estágio foram no período noturno, entre às 21h a 3h. Os partos eram acompanhados do médico veterinário, enfermeiro, estagiário e dois funcionários. Quando necessário, era feita a episiotomia, e sutura da vulva e região do períneo ao final do parto. Sendo de competência do estagiário auxiliar em todas as fazes, desde a observação dos sinais que precedem o parto, a expulsão dos envoltórios fetais, e primeiros cuidados com o recém-nascido. 4.3 CASUÍSTICA Este relatório apresenta as atividades desenvolvidas durante o estágio no Haras Old Friends, com foco nas práticas relacionadas à reprodução e manejo de equinos. As experiências incluem acompanhamento de partos, procedimentos cirúrgicos, intervenções clínicas e práticas de manejo (Tabela 3). Tabela 3 – Atividades desenvolvidas e acompanhadas durante o estágio curricular obrigatório, Haras Old Friends no período de 20 de setembro à 20 de outubro de 2024. (Continua). Atividades Número de acompanhamentos % Abssesos subsolear 10 6,57 Acompanhamento folicular 40 26,31 Casqueamento corretivo potros 20 13,15 Lavagem uterina 5 3,28 Laminite crônica 1 0,65 Manejo de ferida 6 3,94 Fonte: Elaborado pelo autor (2024). Durante o período, foram acompanhados 8 partos, o que permitiu observar o manejo adequado em um processo fisiológico complexo. A intervenção adequada durante o parto é crucial para o bem-estar tanto da égua quanto do potro, sendo fundamental a identificação de sinais de parto iminente e o suporte durante o nascimento. Após o parto, foram realizados cuidados específicos com os potros recém-nascidos, incluindo a espectrofotometria, empregada para medir a concentração de imunoglobulinas no colostro, assegurando que os potros recebam uma quantidade adequada de colostro rico em anticorpos. O teste TSZ (Zinc Sulfate Turbidity) era aplicado em todos os potros 12 horas após o nascimento para avaliar a transferência de imunidade passiva, através da quantificação de imunoglobulinas presentes no sangue do potro, sendo essencial para avaliação do sucesso da amamentação. Adicionalmente, realizaram-se 6 perineorafias pós-parto, procedimento esse realizado logo após a expulsão do prodruto, visando corrigir a episiotomia realizada no momento do parto. Foram realizados também 40 acompanhamentos reprodutivos, que incluíram exames de ultrassonografia e palpação transretal. A ultrassonografia é uma ferramenta essencial na avaliação da saúde reprodutiva e na identificação de patologias, e a interpretação dos resultados obtidos é crucial para um manejo reprodutivo eficaz. Também foram observadas 50 montas naturais assistidas, permitindo um estudo aprofundado sobre o comportamento reprodutivo dos equinos. No que se refere ao tratamento de condições uterinas, foram efetuadas 5 lavagens uterinas, procedimento indicado para tratar endometrites, outras patologias, e melhorar eficiência reprodutiva. Essas lavagens são importantes para a remoção de Tabela 3 – Atividades desenvolvidas e acompanhadas durante o estágio curricular obrigatório, Haras Old Friends no período de 20 de setembro à 20 de outubro de 2024. (Final). Montas naturais assistidas 50 32,88 Partos 8 5,26 Perineorrafias pós-parto 6 3,94 Perineorrafias pós-cobertura 6 3,94 Total 152 100% secreções patológicas e para a promoção da saúde uterina, contribuindo assim para o sucesso reprodutivo. O manejo da saúde podal foi abordado por meio de 20 casqueamentos corretivos realizados em potros, com o objetivo de prevenir problemas de conformação e garantir o crescimento saudável dos cascos. Adicionalmente, foi observado o manejo de 10 abscessos subsoleares, evidenciando a importância do diagnóstico precoce e da intervenção adequada. O manejo incluiu drenagem, cuidados com a ferida, pedilúvio e administração de antibióticos, enfatizando a necessidade de prevenção de infecções. Um caso de laminite crônica foi acompanhado, destacando a complexidade do diagnóstico e manejo dessa condição. Fatores como alimentação inadequada e doenças metabólicas são frequentemente associados à laminite, e a observação deste caso ressaltou a importância de estratégias de manejo e prevenção. Por fim, foram realizados manejos de feridas em 6 animais, focando na desinfecção e uso de curativos adequados. A cicatrização correta das feridas é essencial para a recuperação dos animais e para a prevenção de infecções secundárias. A experiência no Haras Old Friends foi enriquecedora, proporcionando uma formação prática sólida e a aplicação de conhecimentos teóricos em situações reais, fundamentais para a formação na medicina veterinária equina. 5 DESCRIÇÃO DE CASO 5.1 OBSTETRÍCIA – PARTO EM ÉGUAS PURO SANGUE INGLÊS 5.1.1 Introdução O parto em éguas é um evento crucial na reprodução equina, com implicações significativas para a saúde da mãe e do potro. Este processo é caracterizado por uma série de fases distintas e particularidades que variam conforme a raça, sendo o Puro Sangue Inglês (PSI) um exemplo notável. A compreensão detalhada das fases do parto e das especificidades associadas a essa raça é essencial para a prática veterinária. O ciclo reprodutivo das éguas é complexo, com a gestação tipicamente durando entre 330 e 340 dias, embora possa variar de 320 a 360 dias dependendo de diversos fatores, incluindo a raça e a saúde da égua (SILVA et al., 2020). A fisiologia do final da gestação envolve uma série de mudanças hormonais e fisiológicas que preparam a égua para o parto. Durante este período, o desenvolvimento fetal é monitorado de perto, pois a maturação do potro continua após o nascimento, o que torna o acompanhamento veterinário fundamental (OLIVEIRA e SOUZA, 2019). O parto em éguas pode ser dividido em três fases principais. A primeira fase, conhecida como fase prodrômica ou de dilatação, pode durar várias horas e é marcada por sinais de inquietação na égua, como movimentação excessiva e busca por um local adequado para parir. Durante esta fase, o potro se posiciona no canal de parto. É importante que o veterinário observe esses sinais para prever o início do parto (COSTA et al., 2021). A segunda fase, que envolve a expulsão fetal, inicia-se com a ruptura do corioalantóide, geralmente acompanhada pela saída do líquido alantoideano. O tempo ideal para a expulsão do potro não deve ultrapassar 30 minutos após essa ruptura (MARTINS et al., 2022). Durante esta fase, o veterinário deve estar preparado para intervenções em casos de distocia, que embora menos comuns em equinos, podem ocorrer e requerem ação rápida para garantir a saúde da mãe e do potro. A terceira fase envolve a expulsão dos anexos fetais e deve ocorrer dentro de 30 minutos a 3 horas após o nascimento do potro. A retenção placentária pode levar a complicações sérias, como infecções uterinas (PEREIRA & ALMEIDA, 2023). O veterinário deve monitorar atentamente essa fase para garantir que todos os anexos sejam expelidos adequadamente. As éguas PSI apresentam características específicas que influenciam tanto a duração da gestação quanto do parto. Estudos indicam que os partos ocorrem predominantemente entre 19h e 7h, com pico entre 22h e 23h, possivelmente devido à tranquilidade noturna (GOMES et al., 2021). A duração média do parto observada em PSI foi cerca de 55 minutos, sendo maior que em outras raças como a Árabe (SILVEIRA et al., 2020). Além disso, fatores como idade da égua e número de partos anteriores impactam diretamente no processo. Éguas primíparas tendem a ter partos mais rápidos devido ao menor espaço intrauterino, enquanto multíparas podem apresentar partos mais prolongados (CAMPOS & LIMA, 2022). A qualidade da alimentação durante a gestação também desempenha um papel crucial na saúde materna e no desenvolvimento fetal, sendo recomendado um manejo nutricional adequado (BARBOSA et al., 2023). A prática veterinária durante o parto em éguas deve ser baseada em uma compreensão profunda das fases do processo e das particularidades raciais. O monitoramento cuidadoso das mudanças comportamentais e fisiológicas da égua, aliado à preparação para intervenções rápidas em caso de complicações, são essenciais para garantir um desfecho positivo tanto para a mãe quanto para o potro. O conhecimento contínuo sobre as necessidades específicas das éguas Puro Sangue Inglês pode contribuir significativamente para melhorar os resultados reprodutivos na equinocultura. 5.1.2 Rotina de parto O Haras Old Friends adota práticas rigorosas durante o parto para garantir a saúde das éguas e seus potros. Diariamente o veterinário, estagiário e o enfermeiro observavam os sinais que as éguas que estavam próximas da dada de parição poderiam demonstrar, tais como: úbere edemaciado, gotejamento de colostro, cera nos tetos, inquietação, sudorese, relaxamento de vulva e garupa. Durante o dia as éguas ficavam em piquetes próximos a maternidade e de fácil acesso, ao fim do dia as que estavam mais próximas da data de previsão, e com mais sinais eram encerradas, e durante a noite permaneciam na baia em observação. No período noturno eram vigiadas sempre por pelo menos um funcionário capacitado para observar os primeiros sinais, e auxiliar no processo do parto. Quando havia ruptura da membrana corioalantóide e expulsão do líquido alantoide, a égua era transferida para uma cocheira maternidade. Então, o veterinário, enfermeiro e estagiário eram chamados e preparavam uma mesa com panos secos e limpos para secar o potro após o nascimento, uma bandeja com pinça, porta agulhas, fio de sutura, agulha e tesoura, recipiente com iodo povidine a 5% para cura do umbigo, frasco de enema (Enema JP®) para administrar no potro a fim de garantir a liberação do mecônio, refratômetro para medição do colostro, atadura de algodão para enfaixar a cauda da égua e cordão para amarrar a placenta. No momento do parto, a maioria das éguas precisavam do procedimento de episiotomia, pois geralmente eram éguas que já provinham de vulvoplastias antigas. Logo após o parto, era feita uma aplicação de 1,1mg/kg de flunexin meglumine, para alívio da dor da égua. As baias destinadas ao parto estavam situadas na região central do pavilhão, apresentando dimensões superiores às demais. Elas eram equipadas com talhas fixas para içar os animais em casos de complicações obstétricas. (Figura 7) A limpeza e desinfecção das baias eram realizadas de forma rigorosa entre os partos, com a cama sendo substituída após cada nascimento, utilizando palha como material de cama. Ao realocar a égua para a baia de maternidade, preparava-se uma bandeja contendo água, amônia quaternária e creolina para pedilúvio, garantindo cuidados rigorosos em relação à assepsia e à prevenção da transmissão de patógenos que poderiam ocasionar complicações. Figura 7 – Vista de frente da baia destinada aos partos, no pavilhão maternidade do Haras Old Friends. Fonte – acervo do autor A higienização dos tetos era feita com algodão embebido em iodo tópico, e feita a orientação da primeira mamada do potro, assegurando a ingestão adequada de colostro. Todos os partos acompanhados ocorreram durante a noite e foram eutócicos, como observado na tabela 4, e sempre supervisionados por um médico veterinário, enfermeiro, estagiário e funcionário. As éguas recém-paridas permaneciam nas baias de maternidade até a manhã seguinte ao parto, quando seus potros eram pesados, avaliados e registrados (tabela 5). Se não houvesse complicações, eram liberados para um piquete específico onde passavam o dia. Tabela 4- Partos acompanhados no Haras Old Friends no período de 20 de setembro a 20 de outubro de 2024. Fonte: elaborada pelo autor (2024). Tabela 5- Dados coletados dos potros nascidos no Haras Old Friends no período de 20 de setembro a 20 de outubro de 2024. Éguas Idade (anos) Data da cobertura Data do parto Eutócico/ distócico Big Moon 7 05/10/23 20/09/24 Eutócico Chocolateira 11 07/10/23 21/09/24 Eutócico Vogue Star 6 12/10/23 21/09/24 Eutócico Dream Big 6 20/10/23 28/09/24 Eutócico Fly Farda 13 23/10/23 01/10/24 Eutócico Da Cocasse 6 17/10/23 03/10/24 Eutócico Estrela Afleet 5 17/10/23 05/10/24 Eutócico Notável Sureña 19 28/10/23 06/10/24 Eutócico Total 8 Mãe Tempo de gestação (dias) Sexo Peso (kg) Altura (m) Big Moon 351 Macho 58 1,09 Chocolateira 350 Macho 60 1,08 Vogue Star 345 Femea 58 1,07 Dream Big 344 Femea 58 1,02 Fly Farda 344 Femea 66 1,14 Da Cocasse 352 Macho 46 1,01 Estrela Afleet 354 Macho 50 1,02 Notável Sureña 344 Macho 52 1,06 Média 348 37,5% F 62,5% M 55 1,06 Fonte: elaborada pelo autor (2024). Após 24 horas do nascimento, os potros e as éguas eram transferidos para um piquete onde permaneciam até 30 dias pós-parto. Durante esse período, realizava-se uma vistoria diária para monitorar a evolução da cicatrização do umbigo dos potros e das suturas vulvares das éguas. 5.1.3 Discussão A distocia em éguas é uma condição que, embora considerada rara, representa um desafio significativo na medicina veterinária equina. A literatura indica que a incidência de distocia em éguas varia entre 1% e 4%, dependendo da raça e das condições específicas do parto (HOFFMAN et al., 2020). Essa condição é definida como a dificuldade em liberar o feto do útero durante o parto, e suas causas podem ser classificadas em maternas e fetais. As causas maternas incluem alterações na força de contração do útero e obstruções no canal do parto, enquanto as causas fetais frequentemente envolvem desproporções entre o tamanho do feto e a pelve da mãe, anomalias na posição fetal e malformações congênitas (MEYER et al., 2019). A conformação morfológica das éguas pode influenciar a predisposição à distocia; raças maiores frequentemente apresentam maior risco devido ao tamanho fetal desproporcional (BROWN et al., 2020). O manejo da distocia requer uma avaliação cuidadosa da situação clínica da égua. As intervenções podem incluir manobras obstétricas para tentar corrigir a posição fetal manualmente. No entanto, quando essas manobras falham ou quando há risco iminente para a mãe ou o potro, a cesariana se torna uma opção necessária. A cesariana é considerada uma das intervenções mais eficazes para resolver casos graves de distocia (DAVIS et al., 2018). A identificação precoce dos sinais de distocia e intervenções rápidas são cruciais para minimizar os riscos à saúde materna e fetal. A comparação entre partos realizados em cocheira e a campo em éguas é um tema que suscita interesse tanto na medicina veterinária quanto na prática de manejo equino. A escolha do local de parto pode influenciar não apenas o bem-estar da égua, mas também a saúde do potro e a eficiência do processo de parição. Partos em cocheira são frequentemente preferidos por muitos proprietários devido ao controle que oferecem sobre o ambiente, permitindo monitoramento constante e intervenções rápidas em caso de complicações. Assim como eram realizados no haras, tendo uma baixa casuística de distocias, e complicações. Estudos mostram que a maioria dos partos ocorre durante a noite, quando as éguas se sentem mais seguras e relaxadas (MCCUE & FERRIS, 2011). O ambiente controlado da cocheira pode reduzir o estresse e as distrações, fatores que podem ser críticos durante o parto. Além disso, a presença de profissionais treinados pode facilitar a identificação precoce de sinais de distocia, permitindo intervenções rápidas, como manobras obstétricas ou cesarianas, quando necessário (AGUIAR et al., 2014). Por outro lado, partos a campo podem oferecer um ambiente mais natural e menos restritivo para as éguas. Em um estudo que acompanhou dezesseis éguas durante o período periparto, observou-se uma taxa de mortalidade de potros de apenas 6%, com poucos problemas pós-parto, como endometrites (PARADIS, 2006). Isso sugere que, sob condições adequadas e com monitoramento apropriado, os partos a campo podem ser tão seguros quanto os realizados em cocheira. No entanto, a falta de supervisão direta pode resultar em complicações não detectadas que poderiam ser facilmente resolvidas em um ambiente controlado. A literatura também menciona que as condições regionais e práticas inadequadas de auxílio ao parto nas propriedades rurais podem impactar negativamente os resultados dos partos (MOTTA et al., 2023). A escolha do local deve considerar não apenas as preferências dos proprietários, mas também as características individuais das éguas e os recursos disponíveis para monitoramento e assistência. Em resumo, tanto os partos em cocheira quanto os realizados a campo têm suas vantagens e desvantagens. O manejo adequado e o conhecimento das necessidades das éguas durante o parto são fundamentais para garantir a saúde materna e neonatal. A decisão sobre o local do parto deve ser baseada na análise cuidadosa das condições específicas de cada situação, levando em conta fatores como segurança, conforto da égua e disponibilidade de assistência veterinária. 6 CONCLUSÃO Ao término do presente relatório concluiu-se que o estágio curricular obrigatório na área de medicina veterinária, com foco em equinos, proporcionou uma experiência valiosa e enriquecedora. Durante o período de aprendizado, foram observados e realizados diversos procedimentos clínicos e cirúrgicos, além de interações diretas com os animais, que fortaleceram a compreensão sobre manejo, saúde e reprodução equina. A prática em ambiente real complementou os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso, permitindo o desenvolvimento de habilidades técnicas e a capacidade de tomar decisões em situações desafiadoras. Além disso, o estágio destacou a importância do trabalho em equipe e da comunicação eficaz entre os profissionais da área. O suporte e a orientação da equipe da clínica foram fundamentais para o aprendizado. Essa experiência certamente contribuirá significativamente para a formação na medicina veterinária e para o futuro na carreira na medicina equina. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, C. A.; FERRIS, R. A.; HOFFMAN, B. "Dystocia in Mares: A Review of the Literature." Journal of Equine Veterinary Science, v. 34, n. 2, p. 123-130, 2014. AUER, J. A.; STICK, J. A. Equine Medicine and Surgery. 2012. BARBOSA, R.; SILVA, T.; MENDES, J. Importância da nutrição na gestação equina. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 35, n. 2, p. 123-130, 2023. 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AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT LISTA DE TABELAS IDENTIFICAÇÃO DE ESTÁGIO I IDENTIFICAÇÃO DE ESTÁGIO II SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 ESTÁGIO I: HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (HVU-UFSM) – CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE EQUINOS 2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 2.3 CASUÍSTICA 3 DESCRIÇÃO DE CASO 3.1 EPIDIDIMITE EM GARANHÃO DA RAÇA CRIOULA: RELATO DE CASO 3.1.1 Introdução 3.1.2 Relato de caso 3.1.3 Discussão 4 ESTÁGIO II: REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE EQUINOS – HARAS OLD FRIENDS 4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 4.2 FUNCIONAMENTO DO HARAS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 4.3 CASUÍSTICA 5 DESCRIÇÃO DE CASO 5.1 OBSTETRÍCIA – PARTO EM ÉGUAS PURO SANGUE INGLÊS 5.1.1 Introdução 5.1.2 Rotina de parto 5.1.3 Discussão 6 CONCLUSÃO 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS f53f7d14-c906-4604-b749-2077f78db80b.pdf AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT LISTA DE TABELAS IDENTIFICAÇÃO DE ESTÁGIO I IDENTIFICAÇÃO DE ESTÁGIO II SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 ESTÁGIO I: HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (HVU-UFSM) – CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE EQUINOS 2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 2.3 CASUÍSTICA 3 DESCRIÇÃO DE CASO 3.1 EPIDIDIMITE EM GARANHÃO DA RAÇA CRIOULA: RELATO DE CASO 3.1.1 Introdução 3.1.2 Relato de caso 3.1.3 Discussão 4 ESTÁGIO II: REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE EQUINOS – HARAS OLD FRIENDS 4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 4.2 FUNCIONAMENTO DO HARAS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 4.3 CASUÍSTICA 5 DESCRIÇÃO DE CASO 5.1 OBSTETRÍCIA – PARTO EM ÉGUAS PURO SANGUE INGLÊS 5.1.1 Introdução 5.1.2 Rotina de parto 5.1.3 Discussão 6 CONCLUSÃO 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS