UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS AUGUSTO FLEITH COMITTI ESTUDO E PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE PRECIFICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS JOINVILLE – SC – BRASIL 2014 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS AUGUSTO FLEITH COMITTI ESTUDO E PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE PRECIFICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Trabalho de Graduação apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Dr. Jose Oliveira da Silva JOINVILLE – SC – BRASIL 2014 AUGUSTO FLEITH COMITTI ESTUDO E PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE PRECIFICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Trabalho de Graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro do curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca Examinadora: Orientador: ______________________________________ Professor Dr. José Oliveira da Silva Membro: ______________________________________ Professor Dr. Lírio Nesi Filho Membro: ______________________________________ Professor Cassiano Rodrigues Moura Joinville – SC, 05 de junho de 2014 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais Carlos Alberto Comitti e Eulívia Fleith Comitti, pelos ensinamentos e valores que me ensinaram desde a minha infância. Agradeço também pelos conselhos e pela motivação a buscar sempre mais, tanto profissional quanto pessoalmente. À minha namorada Flávia Caroline Hodecker Rosa, por estar sempre me apoiando durante os momentos mais difíceis e me motivar a seguir em frente com este grande projeto. Aos meus amigos pela parceria e bons momentos ao longo do curso. Sem as amizades que fiz na Universidade seria mais difícil lidar com os desafios que me deparei ao longo da minha formação. Ao meu professor orientador, Dr. José Oliveira da Silva, pela orientação, apoio, e por acreditar no potencial deste trabalho. Aos professores da UDESC pelo conhecimento transmitido ao longo destes anos e pela colaboração à minha formação profissional. Aos meus colegas da empresa por me apoiarem ao longo deste trabalho e por me proporcionarem oportunidades de crescimento pessoal e profissional. “Noventa por cento do sucesso se baseia simplesmente em insistir” Woody Allen AUGUSTO FLEITH COMITTI ESTUDO E PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE PRECIFICAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS RESUMO Atualmente as empresas buscam cada vez mais a padronização de seus processos. Processos não-padronizados estão sujeitos a falhas, as quais geram desperdício. Este estudo visa apresentar uma proposta de método de precificação baseada no custo em uma empresa de consultoria em segurança do trabalho de Santa Catarina. Foram identificados, através de pesquisa bibliográfica, os métodos necessários para criar uma política de precificação com base no custo. Para a realização do estudo foi feita pesquisa qualitativa sobre a estrutura dos serviços de análise e validação de máquinas e equipamentos de acordo com a NR-12, identificando nestes serviços processos geradores de custo e os fatores que geram estes custos. Ao final do trabalho é apresentada uma tabela com os fatores que devem ser analisados na precificação destes serviços, bem como um procedimento de precificação, baseado nos dados de custos da empresa, na política de precificação e nos fatores geradores de custos diretos observados ao longo da execução dos serviços. PALAVRAS-CHAVE: segurança do trabalho, consultoria, precificação, mark-up LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Gastos alocados aos centros de custos....................................................................39 Tabela 02 – Alocação de centros de custos indiretos a centros de custos diretos........................40 Tabela 03 – Tabela dos fatores geradores de custos...................................................................41 Tabela 04 – Procedimento de precificação.................................................................................45 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 – Procedimento atual de elaboração de propostas de precificação.............................33 Figura 02 – Fluxograma do processo de análise de risco de máquinas e equipamentos..............35 Figura 03 – Fluxograma do processo de validação de máquinas e equipamentos......................36 Figura 04 – Procedimento sugerido de elaboração de propostas de precificação.......................47 Figura 05 – Etapas para a implantação e aplicação do procedimento.........................................48 LISTA DE ABREVIATURAS MTE Ministério do Trabalho e Emprego NR Norma Regulamentadora ABC Activity-Based Costing ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR Norma Brasileira OS Ordem de Serviço ART Anotação de Responsabilidade Técnica EPC Equipamento de Proteção Coletiva IRPJ Imposto de Renda – Pessoa Jurídica CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................................... 14 2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO – HISTÓRICO ............................................................. 14 2.1.1 Normas Regulamentadoras .............................................................................................. 15 2.1.2 Norma Regulamentadora Nº12 ........................................................................................ 16 2.1.2.1 Análise de risco e validação de máquinas e equipamentos .......................................... 17 2.2 DEFINIÇÃO DE SERVIÇOS ............................................................................................ 18 2.2.1 Características dos serviços ............................................................................................. 19 2.2.2 Consultoria ..................................................................................................................... 19 2.3 CONTABILIDADE DE CUSTOS ..................................................................................... 20 2.3.1 Classificação dos custos .................................................................................................. 21 2.3.1.1 Classificação pela facilidade de alocação ..................................................................... 21 2.3.2 Princípios de custeio ........................................................................................................ 23 2.3.3 Métodos de custeio .......................................................................................................... 23 2.4 PRECIFICAÇÃO ............................................................................................................... 25 2.4.1 Precificação de consultoria .............................................................................................. 26 2.4.2 Formação de preços a partir do custo ............................................................................. 26 2.4.3 Markup ........................................................................................................................... 27 2.4.3.1 Conceito e aplicação do mark-up ................................................................................. 27 2.4.3.2 Mark-up I ...................................................................................................................... 27 2.4.3.3 Mark-up II .................................................................................................................... 38 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO .......................................................................... 30 3.1 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................................. 30 3.2 COLETA E PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS ................................. 30 4 ESTRUTURAÇÃO ESTUDO DE CASO ......................................................................... 32 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .................................................................................. 32 4.2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL DO PROBLEMA ............................................. 32 4.3 PROPOSTA DE SITUAÇÃO FUTURA ........................................................................... 34 4.3.1 Apresentação do processo de execução ........................................................................... 34 4.3.2 Custos .............................................................................................................................. 37 4.3.2.1 Método do centro de custos através do princípio de custeio por absorção integral...... 37 4.3.2.2 Aplicação do rateio dos custos na empresa .................................................................. 37 4.3.2.3 Rateio dos centros de custos indiretos aos centros de custos diretos ........................... 40 4.3.2.4 Discussão sobre as questões técnicas que geram custos ............................................... 40 4.3.2.5 – Método de quantificação dos fatores geradores de custos.........................................42 4.3.3 – Precificação .................................................................................................................. 42 4.3.3.1 Definição do mark-up ................................................................................................... 43 4.3.3.2 Procedimento de precificação ....................................................................................... 44 4.3.3.3 Elaboração de propostas de prestação de serviços ....................................................... 46 4.3.3.4 Etapas para a implantação e aplicação do procedimento ............................................. 48 4.4 RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................ 49 4.4.1 Relação dos fatores geradores de custo ........................................................................... 49 4.4.2 Procedimento de precificação ......................................................................................... 49 4.4.3 Procedimento para elaboração de propostas ................................................................... 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 50 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 51 12 1 INTRODUÇÃO A segurança do trabalho tornou-se um assunto bastante discutido desde a revolução industrial, com o surgimento das empresas industriais. Ao longo do tempo, foram sendo criadas leis e normas que protegem a saúde e a segurança do trabalhador. Em 1978 foi aprovada a portaria N.º 3.214, de 08/06/1978 a qual aprovou a criação das Normas Regulamentadoras (NR’s) – normas relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Desde então o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tem realizado fiscalizações para cobrar o atendimento das empresas às normas. Dentre as normas regulamentadoras, foi criada a NR-12 a qual trata da segurança do trabalho em máquinas e equipamentos. Em 2010 a NR- 12 foi atualizada, ganhando muito mais complexidade e itens a serem analisados. Desde então tem sido um desafio, além da implantação dos sistemas de segurança, a própria análise de risco das máquinas e equipamentos, essencial para se determinar como deve ser a adequação das máquinas. Além da análise de risco, outro desafio é quantificar o custo gerado pela análise. Há muita variação de máquinas semelhantes ou não que geram variação nas análises, e para que seja feita uma análise detalhada e consistente é necessário que todas estas variações e os riscos gerados pelas mesmas sejam considerados. Na maioria das empresas ainda não há forma consistente de medir o custo gerado por estas variações, o que dificulta o processo de precificação, podendo gerar grandes prejuízos à empresa caso tal procedimento não seja feito adequadamente. O presente trabalho tem por objetivo desenvolver um procedimento de precificação para serviços de análise e validação de máquinas e equipamentos de acordo com a NR-12. A partir do objetivo geral, pode-se determinar os seguintes objetivos específicos:  Definir sistema de custeio adequado à necessidade de precificação  Definir um procedimento de precificação voltado aos custos da empresa  Criar método para determinação dos custos envolvidos no serviço O trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo apresenta a introdução, abordando o tema, os objetivos geral e específicos, a justificativa e a delimitação do estudo. O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica estudada para desenvolver o trabalho. O terceiro capítulo trata da metodologia e métodos escolhidos e utilizados para o desenvolvimento do trabalho. O quarto capítulo trata do desenvolvimento do trabalho, contemplando o modelo sugerido para precificação de serviços de análise e validação de 13 máquinas e equipamentos. O quinto e último capítulo trata das conclusões finais sobre o estudo e seus resultados em relação aos seus objetivos. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo será demonstrada a teoria na qual o trabalho está embasado. Serão demonstrados métodos, princípios e classificações de custeios, assim como métodos de precificação, conceitos sobre serviços e normas que norteiam as condições de segurança de máquinas e equipamentos. 2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO – HISTÓRICO Segurança do trabalho “[...]pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.” (SESI, 2014). Segundo Franz (2009), a partir do crescimento industrial que ocorreu no século XX, há cada vez mais casos de acidentes no trabalho e doenças ocupacionais. Este fato levou ao estudo para se avaliar e evitar estes acontecimentos nas organizações. Junto aos estudos, foram criadas leis que regem as condições de segurança nos ambientes ocupacionais. Segundo o SESI (2014): [...] A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. A contratação de empresas terceiras especializadas em segurança do trabalho geralmente se deve a consultoria e assessoria em questões de atendimento à legislação de modo a evitar que haja problemas caso a empresa seja fiscalizada. As fiscalizações referentes ao cumprimento da legislação de segurança do trabalho geralmente são feitas pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). As fiscalizações do MTE visam auditar as empresas quanto ao atendimento das NRs, as quais devem estar sendo cumpridas de acordo com os tipos de atividades que a empresa desempenha. Empresas de consultoria podem auxiliar no atendimento às normas, elaborando documentos e plano de adequações para a empresa estar de acordo com as mesmas. Serviços em segurança do trabalho se destacam de outros serviços pois o seu valor é difícil de ser mensurado. Muitos clientes veem o valor destes serviços apenas como o cumprimento da legislação, quando na verdade o trabalho do consultor em segurança do 15 trabalho tem também o objetivo de proteger a vida do trabalhador, ou seja, garantir que o mesmo trabalhe com segurança. Este valor é intangível e o nível de valorização do mesmo pode variar muito de acordo com o perfil dos gestores da empresa contratante. 2.1.1 Normas Regulamentadoras Normas Regulamentadoras (NR’s) são normas relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, as quais foram aprovadas pela portaria N.º 3.214 de 08/06/1978, de acordo com Brasil (1978), e são periodicamente atualizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). São normas elaboradas e modificadas por comissões tripartites compostas por representantes do governo, dos empregadores e dos empregados. A NR-01, de acordo com Brasil (2009), define as disposições gerais sobre as Normas Regulamentadoras, como segue: 1.1 As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Segundo a NR-01, conforme Brasil (2009), cabe ao empregador: a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos; c) informar aos trabalhadores: I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho. As empresas de assessoria e consultoria em segurança do trabalho possuem o objetivo de assessorar e prestar serviços de consultoria aos clientes quanto ao atendimento da legislação e às medidas que devem ser tomadas para o atendimento das mesmas, atentando-se aos deveres do empregador. 16 2.1.2 Norma Regulamentadora Nº12 Segundo Brasil (2013), a NR-12: 12.1 Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. Criada pela portaria 3214, de 08 de junho de 1978, a NR-12 sofreu algumas alterações ao longo do tempo. A primeira alteração ocorreu em 1983. Em 1994 a norma ganhou o anexo de motosserras e em 1996, o de cilindro de massas. Em 1997 e 2000 houveram mais duas pequenas mudanças. A mudança de 2010, entretanto, foi expressiva, trazendo conceitos mais esclarecedores sobre os requisitos mínimos que as máquinas, em uso ou novas, devem atender. A revisão da NR-12 foi apresentada em 17 de dezembro de 2010 por meio da portaria 197 e publicada no Diário Oficial da União no dia 24 de dezembro do mesmo ano. A nova NR- 12 traz explicações bem mais detalhadas sobre instalações e dispositivos de segurança. A norma engloba 19 itens principais, 3 apêndices, 12 anexos e 1 glossário, enquanto a NR-12 antiga englobava apenas 6 itens principais e 2 anexos. A nova NR-12 contém 217 subitens, enquanto a antiga NR-12 continha apenas 36 subitens. Esta nova abordagem da NR-12 traz consigo muitas dúvidas em questões técnicas, seja pela complexidade dos itens que foram alterados ou pelos itens inseridos na norma. A revisão da NR-12 em 2010 apresentou conceitos que não tinham amplo entendimento no Brasil. Ainda há muitos questionamentos que merecem anexos específicos, pois as regras gerais apresentadas no corpo da norma são de difícil aplicação. A interpretação da norma de forma adequada para um profissional que não esteja diretamente ligado à adequação à mesma é tarefa extremamente difícil, pois ainda há muitas questões que não estão claras em seu texto. Conforme Brasil (2013), além de se observar a própria norma quanto à segurança de máquinas e equipamentos, deve-se observar também as normas oficiais, entre elas a NBR ISO 12100/2013 que trata de apreciação e redução de riscos, e a NBR 14153/2013 que trata da definição da segurança no sistema de comando da máquina. 17 2.1.2.1 Análise de risco e validação de máquinas e equipamentos A análise de risco e validação de máquinas são processos essenciais para se garantir que a máquina esteja de acordo com a NR-12. A norma NBR 14153/2013, de acordo com ABNT (2013), fornece diretrizes de como deve ser o processo de análise e validação de máquinas. Segundo a mesmo, o item 4.3 da norma NBR 14153/2013: [...]especifica um processo para a seleção das medidas de segurança a serem implementadas e, então, para o projeto de partes de sistemas de comando relacionados à segurança. Este processo é composto de 5 passos: Passo 1: Análise do perigo e apreciação de riscos:  Identificar os perigos presentes na máquina durante todos os modos de operação e a cada estágio da vida da máquina, seguindo as ABNT NBR NM 213-1 e ABNT NBR 14009;  Avaliar os riscos provenientes daqueles perigos e decidir sobre a redução apropriada de risco para esta aplicação, de acordo com as ABNT NBR NM 213-1 e ABNT NBR 14009. Passo 2: Decisão das medidas para redução do risco:  Definir medidas de projeto na máquina e/ou a aplicação de proteções para levar à redução do risco. Partes do sistema de comando que contribuem como parte integral das medidas de projeto ou no comando de proteções devem ser consideradas partes do sistema de comando relacionadas à segurança. Passo 3: Especificação dos requisitos de segurança para as partes de sistemas de comando relacionadas à segurança:  Especificar as funções de segurança a serem cumpridas no sistema de comando;  Especificar como a segurança deve ser atingida e selecionar as categorias para cada parte e combinações de partes, dentro das partes de sistema de comando relacionadas à segurança. Passo 4: Projeto:  Projetar as partes de sistemas de comandos relacionadas à segurança de acordo com as especificações desenvolvidas no passo 3 e a estratégia geral do projeto. Listar os aspectos de projetos incluídos que proporcionam a base lógica de projeto para a(s) categoria(s) alcançadas; 18  Verificar o projeto a cada estágio, para assegurar que as partes relacionadas à segurança preencham os requisitos do estágio anterior no contexto da(s) função(ões) e categoria(s) especificada(s). Passo 5: Validação:  Validar as funções e a(s) categoria(s) de segurança alcançada(s) no projeto com relação às especificações do passo 3. Reprojetar se necessário;  Quando a eletrônica programável for usada no projeto de partes de sistemas de comando relacionadas à segurança, outros procedimentos detalhados são necessários. A empresa estudada elabora os serviços de análise de riscos e de validação de máquinas e equipamentos. O serviço de análise de riscos engloba os passos 1 e 3, prestando consultoria nos passos 2 e 4. O serviço de validação engloba os passos 1, 2, 3 e 5, prestando consultoria no passo 4. Segundo o item 8.1 da NBR 14153/2013, de acordo com ABNT (2013), a documentação para elaboração da análise e validação de máquinas e equipamentos deve ser composta de relatórios auditáveis de todas as atividades de validação e decisões. Os documentos necessários para a validação são: projeto elétrico, projeto mecânico, projeto hidráulico, manual, diagramas e esquemas elétricos, projeto das adequações das máquinas, certificado de segurança dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s) instalados, relatório de validação, e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Os documentos necessários para a análise de riscos são: projeto elétrico, projeto mecânico, projeto hidráulico, manual, diagramas e esquemas elétricos, certificado de segurança dos EPC’s existentes na máquina, relatório de análise de riscos e ART. Para muitas empresas é inviável a contratação de um engenheiro com este conhecimento, o que viabiliza a terceirização da análise das máquinas e equipamentos. A contratação de consultores especializados, além de em alguns casos fornecer melhor relação custo-benefício também apresenta maior confiabilidade quanto à qualidade da análise, pois o consultor é um profissional que presta estes serviços diariamente. 2.2 DEFINIÇÃO DE SERVIÇOS Segundo Padoveze e Takakura Junior (2013), serviços são o conjunto de atividades que se diferem de atividades industriais, comerciais e agropecuárias. De acordo com dados do IBGE, a participação de atividades de serviço representaram 67% do PIB brasileiro em 2012. Segundo Gianesi e Correa (1994), devido a este aumento da representatividade do setor de serviços no mercado, tem-se procurado aumentar o profissionalismo na administração das 19 operações de serviços das empresas, adaptando-se conceitos bastante difundidos no ramo industrial à realidade das empresas prestadoras de serviços. Apesar disto, segundo o autor ainda há bastante reclamações de profissionais da área contábil referente à falta de obras que tratam custeio e precificação em empresas de serviços. Ainda é necessário basear-se em obras voltadas à indústria e fazer analogias ao setor de serviços. 2.2.1 Características dos serviços Segundo Crocco e Guttmann (2010) há algumas características relacionadas aos serviços que influenciam diretamente na visão de valor do cliente e, consequentemente, na forma como é definido o marketing de serviços: - Intangibilidade: Serviços não podem ser vistos ou sentidos antes de serem comprados. O cliente deve escolher o prestador de serviço pelas recomendações ou pela imagem que o mesmo passa, pois o que o cliente está comprando não pode ser visto, sendo sua qualidade intangível. - Inseparabilidade: Serviços são produzidos e consumidos ao mesmo tempo. Não há como produzir serviços antes de haver demanda, ao contrário de produtos. - Variabilidade: São extremamente variáveis de acordo com quando, onde e quem o executa. O nível técnico do profissional ou empresa que está prestando o serviço define a qualidade do serviço, e devido a isto a imagem do prestador de serviços diante do mercado é o fator mais valioso do ponto de vista do marketing. - Perecibilidade: Serviços não podem ser estocados. Serviços devem ser prestados apenas na hora em que há demanda, além de que grande parte destes é personalizada de acordo com o cliente. Estas características ilustram algumas diferenças entre empresas prestadoras de serviço e empresas industriais. As analogias de obras que tratam da indústria ao setor de serviço devem ser realizadas de acordo com as mesmas. 2.2.2 Consultoria Segundo Crocco e Guttmann (2010), Consultoria é um processo interativo, executado por uma ou mais pessoas, independentes e externas ao problema em análise, com o objetivo de fornecer aos executivos da empresa-cliente um ou mais conjuntos de opções de mudanças que 20 proporcionem a tomada de decisão mais adequada ao atendimento das necessidades da organização. Segundo os autores, são premissas da consultoria: independência, automotivação, perícia escrita e verbal, capacidade analítica, autenticidade, ética e confidencialidade de informações. A combinação destes fatores é o que gera a imagem da empresa de consultoria perante seus clientes. Segundo o SEBRAE (2014), serviços de consultoria costumam ser contratados devido à demanda por profissionais especializados em alguma área específica sem demandar contratação de mais funcionários. Os trabalhos de consultoria possuem etapas claras de ação, sendo elas a investigação ou levantamento de informações, identificação ou constatação das causas, estudo de alternativas viáveis, proposição de soluções e, eventualmente, acompanhamento e assessoria na implementação das medidas recomendadas. Há muitos motivos que levam as empresas a contratarem consultores, tais como: necessidade de um especialista, projetos específicos, treinamentos internos, parecer técnico profissional, elaboração de projetos. Empresas de consultoria em segurança do trabalho se enquadram na necessidade de parecer técnico profissional e elaboração de projetos. 2.3 CONTABILIDADE DE CUSTOS Segundo Padoveze e Takakura Junior (2013), a contabilidade de custos é o ramo da contabilidade cuja finalidade é a mensuração do custo unitário dos produtos e serviços para fins contábeis e de tomada de decisão. A apuração do custo unitário dos produtos e serviços possui vários objetivos, tais como:  Formação do preço de venda;  Gestão da eficiência e produtividade dos recursos;  Análise de lucratividade;  Definir o custo em condições ideais de operação, com os objetivos de padronização de custos e estabelecimento de metas de produtividade. Segundo Wernke (2004), devido à globalização do ambiente econômico, as empresas têm cada vez mais buscado mecanismos de controle de informações. O papel da contabilidade de custos é o de fornecer informações precisas sobre os custos dos produtos e serviços. Segundo Perez Junior, Oliveira e Costa (2009), a contabilidade de custos também possui os objetivos de 21 apuração do custo dos produtos e dos departamentos, auxílio na tomada de decisões gerenciais, otimização de resultados, melhoria de processos e eliminação de desperdícios. Conforme Cogan (2013), o sistema de custos auxilia a gerência no cumprimento de suas atribuições. Desta forma, o sistema de custos e gerencial devem estar em harmonia para que se obtenha bons resultados. Segundo Padoveze e Takakura Junior (2013), para que a análise das informações dadas pelo sistema de custos seja realizada de forma eficiente e precisa, é necessário que o sistema de custos da empresa esteja definido de acordo com as características individuais de suas atividades e a sua relação com os custos. Deve-se escolher o método, o princípio e a classificação de custos, podendo-se escolher diferentes combinações de método/princípio/classificação na mesma empresa, mas com diferentes propósitos . Vale ressaltar que um custo pode ser interpretado de formas diferentes pelo mesmo sistema, devendo ser bem definido quais serão os parâmetros de classificação e alocação de cada um, de modo a não haver divergências de informações dentro do sistema de custos da organização. 2.3.1 Classificação dos custos Conforme Bornia (2009), há vários métodos de classificação de custos, cada qual com um intuito diferenciado para análise dos custos da empresa. Os métodos mais usados em empresas são a classificação pela facilidade de alocação (custos diretos e indiretos), a classificação quanto às variações nos volumes de produção e de vendas (custos fixos e variáveis) e a classificação quanto à tomada de decisão (relevantes e não relevantes). A classificação dos custos é processo fundamental para se criar uma boa estratégia de gestão dos mesmos. A classificação utilizada no estudo de caso deste trabalho será a classificação pela facilidade de alocação. 2.3.1.1 Classificação pela facilidade de alocação A classificação de custos pela facilidade de alocação é uma das classificações mais comuns e práticas de se utilizar. Segundo Cogan (2013), trata-se de dividir os custos entre diretos e indiretos, de acordo com a identificação dos mesmos com um produto, processo, centro de trabalho, ou qualquer outro objeto. De acordo com Wernke (2004), custos diretos são aqueles facilmente relacionáveis às unidades de alocação de custos (produtos, processos, setores, etc.), os quais englobam a mão- 22 de-obra diretamente relacionada à produção e insumos. Quando o custo é considerado direto, ele é atribuído diretamente à sua unidade de alocação de custos, não sofrendo rateio. Entretanto, muitas vezes alguns custos diretos são considerados como indiretos, geralmente com o intuito de facilitar o cálculo do custo quando não há necessidade de profundo detalhamento. Um exemplo bastante comum disto é a classificação do custo de consumo de energia por equipamento. O custo para a instalação de um dispositivo medidor do consumo de energia para cada equipamento supera o benefício de saber o valor exato que está sendo consumido, desta forma o custo direto da energia do equipamento é rateado como sendo custo indireto de produção. Segundo Cogan (2013), custos indiretos são os que não são de fácil atribuição direta aos objetos. Alguns destes custos incluem aluguel e mão-de-obra indireta. Os custos indiretos são geralmente rateados entre as unidades de alocação de custos da empresa, de acordo com a política de custeio adotada pela empresa. A classificação pela facilidade de alocação é uma forma relativamente simples de alocar os custos entre as unidades de alocação de custos. De acordo com Padoveze e Takakura Junior (2013), a determinação do critério de rateio pode alterar de forma abrupta o custo unitário do produto ou serviço. O critério de rateio deve ser profundamente analisado, pois se forem arbitrariamente definidos podem gerar grandes distorções na análise dos custos da empresa e, portanto, grandes prejuízos financeiros e gerenciais – a nível de informação. Assim, o método de rateio deve ser definido de acordo com o uso que se pretende ter da informação dos custos. Segundo Bornia (2009), para decisões de curto prazo, tais como a fabricação e venda de lotes especiais, deve-se evitar o rateio para que se tenha a informação do quanto exatamente a alteração do lote proporcionará em termos de custos e qual será o resultado líquido da fabricação e venda do lote. Para decisões de longo prazo tais como precificação, recomenda-se que seja feito rateio, de modo que todas as despesas e custos indiretos sejam considerados, evitando assim que os gastos indiretos sejam menosprezados a longo prazo. Neste trabalho, o intuito é definir a longo prazo o custo e o preço do serviço de acordo com o custo. O rateio deve ser dividido entre todos os produtos da empresa, e também considerar todos os gastos da mesma exceto os gastos diretos, de forma que se obtenha qual é o preço mínimo para que se paguem todas as contas da organização e sobre a margem de lucro desejada. 23 2.3.2 Princípios de custeio Segundo Bornia (2009), os princípios de custeio são filosofias que definem quais as parcelas de custos que devem ser analisadas. O princípio de custeio deve ser seguido pelo sistema de custos da empresa, e deve ser escolhido de acordo com os objetivos do sistema de custo. São os princípios que norteiam o tratamento a ser dado aos custos, onde os três principais princípios são:  Custeio por absorção integral: apropria-se todos os custos relacionados à produção do produto além de parte do custo fixo da empresa mediante critérios de rateio escolhidos pela organização;  Custeio por absorção ideal: princípio similar ao custeio por absorção integral, mas que separa os desperdícios dos custos e não o considera como sendo parte integrante do custo do produto. Este princípio é utilizado em projetos de melhoria contínua e combate a desperdícios;  Custeio variável: apenas os custos variáveis são atribuídos ao produto, enquanto os custos fixos são atribuídos ao período e, portanto, desconsiderados no custo do produto. Princípio gerencial utilizado principalmente para tomada de decisões a curto prazo. Neste contexto, Wernke (2004) afirma que o custeio por absorção integral é o método mais tradicional, onde todos os gastos da empresa são apropriados ao produto. Os gastos diretos são apropriados diretamente aos produtos a que se referem, além dos gastos indiretos, que são alocados aos produtos mediante critérios de rateio escolhidos pela empresa. O custeio por absorção atribui aos produtos todos os custos da área de fabricação, sejam eles definidos como custos diretos ou indiretos, ou como custos fixos ou variáveis. A principal desvantagem do custeio por absorção integral é o rateio dos custos fixos, pois muitas vezes embora a forma de rateio pareça lógica, pode levar a alocações arbitrárias. O custeio por absorção será o princípio utilizado no estudo de caso deste trabalho. 2.3.3 Métodos de custeio De acordo com Padoveze e Takakura Junior (2013), é a partir dos métodos de custeio que se apura o custo unitário dos produtos e serviços. “A partir das informações da contabilidade e utilizando a estrutura do serviço e o processo de execução, apura-se o custo unitário dos serviços, considerando a metodologia adotada”. 24 Segundo Wernke (2004), o método de custeio é o modelo que irá definir como serão tomadas decisões na empresa, ou seja, a decisão de qual método será usado definirá também quais são as informações que se terá sobre os custos e como serão feitas as análises acerca dos custos da organização. Desta forma, é essencial que se tenha conhecimento de quais os métodos de custeio mais adequados ao tipo de informação que se pretende ter, e quais decisões se pretende tomar a partir destas informações. Há vários métodos de custeio que se podem tomar como base, entre eles o método da margem de contribuição, o método ABC (Activity-Based Costing) e o método do centro de custos. Para Cogan (2013), o método da margem de contribuição é um método gerencial, utilizado para tomar ações de curto prazo. Usa-se como base a margem de contribuição de cada produto, considerando todos os gastos que não são diretos como referentes ao período, e não ao produto. O método ABC considera as atividades da organização como sendo os geradores de custos enquanto o custeio tradicional considera os produtos como sendo os geradores de custos. Associam-se os custos das atividades às unidades de alocação de custos, com o objetivo de aprimorar a alocação dos custos e despesas indiretos fixos aos produtos. Por sua vez, o método dos centros de custos consiste na criação de centros de custos, que são unidades acumuladoras de custos. Bornia (2009) afirma que os centros de custos são determinados de acordo com o organograma, a localização, as responsabilidades e a homogeneidade. Eles podem ser divididos em centros diretos e indiretos, sendo que os centros de custos diretos são ligados diretamente aos produtos, e os centros de custos indiretos prestam apoio aos centros de custos diretos e à organização de um modo geral. Etapas da aplicação do método de centro de custos:  Separação dos custos de cada item: Esta é a etapa onde são identificados e classificados todos os custos da empresa;  Divisão da empresa em centros de custos: criam-se centros de custos englobando todas as atividades da empresa, tanto das áreas produtivas quanto das áreas de apoio;  Identificação dos custos com os centros de custos: determina-se a relação de cada item com cada centro de custos;  Rateio dos custos dos centros indiretos aos centros diretos: criam-se os princípios de rateio e, de acordo com os princípios, rateiam-se os custos dos centros de custos indiretos aos centros de custos diretos; 25  Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos: distribui-se os custos dos centros de custos a cada um dos produtos da empresa, onde somando-se todos os custos referentes a cada produto, obtém-se seu custo final. Para a aplicação do método de precificação será utilizado o método dos centros de custos através do princípio de absorção integral, classificando-se os custos pela facilidade de alocação. 2.4 PRECIFICAÇÃO Segundo Bruni e Famá (2008), o processo de definição dos preços de produtos e serviços é um processo estratégico que afeta a abordagem de todas as áreas da empresa e sua interação com o mercado. Muitas vezes o sucesso da empresa não é atribuído a um bom processo de certificação, mas certamente a sua ruína pode ser atribuída a uma precificação equivocada de seus produtos e serviços. Os autores afirmam que alguns dos principais objetivos do processo de formação de preços são:  Proporcionar, a longo prazo, o maior lucro possível;  Permitir a maximização lucrativa da participação de mercado;  Maximizar a capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios operacionais;  Maximizar o capital empregado para perpetuar os negócios de modo auto-sustentável. Estes objetivos devem ser alcançados através da correta aplicação do método de precificação escolhido, o qual deve ser consistente de acordo com a estratégia da empresa e do mercado consumidor alvo da organização. Segundo Cogan (2013) há dois métodos básicos para precificar produtos e serviços. São os métodos baseados no custo e no valor ao cliente. O método baseado no custo considera o custo de produção do serviço e a margem de lucro, enquanto o método baseado no valor ao cliente considera o preço que o cliente está disposto a pagar de acordo com o valor que o mesmo observa no serviço. O método de precificação através dos custos é considerado simples, pois é um método exato e não depende de fatores externos como variação da demanda e segurança. De acordo com Padoveze e Takakura Junior (2013), a questão da precificação de serviços se baseia principalmente na percepção de valor do ponto de vista do cliente. O consumidor muitas vezes está disposto a pagar bem caro por serviços que apresentem valor, que sejam executados por profissionais bem capacitados e que apresentem boa relação com os clientes. Entretanto, deve-se levar em conta também os custos da empresa. É essencial que o 26 preço dos produtos seja superior ao custo dos mesmos, pois em casos onde o valor visto pelo cliente é menor do que o custo do serviço deve-se rever a viabilidade financeira deste. 2.4.1 Precificação de consultoria Para Crocco e Guttmann (2010), uma das decisões mais difíceis que o consultor deve tomar é a definição do preço, pois tanto um preço muito alto como um preço muito baixo podem gerar perda de clientes, desvalorizando o serviço e a imagem do consultor. Deve-se então seguir sempre uma lógica de formação de preços. No setor de consultoria cada cliente tem características especiais tais como: tamanho da empresa, número de funcionários, complexidade dos processos e grau de burocratização. Devido a estas características, cada cliente deve ter uma proposta de consultoria diferenciada. Proposta de consultoria é uma oferta de assistência ou prestação de serviços ao cliente. Cada cliente deve ser analisado sob vários aspectos antes de se determinar o preço do serviço a ser prestado ao mesmo para que não haja prejuízos devido a fatores não considerados ao longo do processo de precificação. A margem de erro da determinação do custo de consultoria é muito grande devido à variabilidade dos serviços, ao contrário do que acontece em empresas industriais. 2.4.2 Formação de preços a partir do custo Segundo Cogan (2013), o método de precificação a partir do custo supõe que o cliente estaria disposto a absorver o preço de venda determinado pela empresa, baseado em seu custo. Isto nem sempre acontece, porém é essencial que haja um valor mínimo de precificação baseado no custo para servir de parâmetro inicial e definir se o serviço é financeiramente viável. Padoveze e Takakura Junior (2013) cita 4 elementos necessários para a formação do preço a partir do custo: Incorporação da estimativa média das despesas administrativas da organização, incorporação da estimativa média das despesas comerciais da organização, incorporação das despesas financeiras e da estimativa média do impacto dos custos do capital de terceiros, e incorporação da margem de lucro desejada, para cobrir os tributos sobre o lucro e dar o retorno do investimento aos acionistas. O método de precificação através dos custos tem validade quando se considera os padrões de rentabilidade e de retorno sobre investimento estipulados pelas organizações. Nos casos em que são estipulados estes padrões, o método de formação do preço a partir do custo possui eficácia no atendimento ao padrão estipulado pela 27 organização, por se tratar de um método baseado nos parâmetros utilizados como padrão. Entre os métodos tradicionais de precificação através dos custos, há o método do mark-up. 2.4.3 Mark-up Segundo Wernke (2004), mark-up é um índice aplicado sobre o custo do produto ou serviço para se obter o preço de venda. Trata-se de uma ferramenta prática para formação de preços de venda, de forma que os outros elementos formadores do preço são inclusos no produto através do mark-up. Os outros elementos formadores de preços utilizados para a formação do mark-up podem variar de acordo com o critério determinado pela empresa. 2.4.3.1 Conceito e aplicação do mark-up De acordo com Cogan (2013), o mark-up é um fator construído através do percentual de determinados componentes do preço de venda final do produto, tais como impostos e taxas sobre vendas, despesas administrativas fixas, despesas de vendas fixas, custos indiretos fixos de fabricação e margem de lucro. Calcula-se o valor dos custos diretos e os usa como base, sendo o valor do mark-up definido pelo percentual do valor dos componentes do mark-up sobre os custos diretos. Há várias formas de se utilizar o método de mark-up. Neste estudo considerar-se-á o custo base como sendo os custos da mão-de-obra direta, encargos sobre a mão-de-obra direta e a emissão de ART. A partir deste custo base será multiplicado o valor do mark-up I, definido por custos indiretos, despesas diretas, despesas indiretas e margem de lucro desejada, e sobre este valor será multiplicado o mark-up II, definido por impostos sobre vendas. Vale ressaltar que todos os componentes do mark-up devem ser definidos em termos percentuais. 2.4.3.2 Mark-up I Padoveze e Takakura Junior (2013) sugere um método de estruturação do mark-up que contém 6 passos: O primeiro passo é a somatória dos percentuais padrões de despesas operacionais, custo financeiro e margem de lucro desejada, sobre as vendas líquidas dos impostos. 28 O segundo passo é obter a participação do custo de produção do serviço sobre as vendas líquidas dos impostos. Para isto, subtrai-se o valor obtido no primeiro passo de 100%, obtendo a parcela correspondente aos custos de produção, conforme equação 1. Cp = 100% - (D+M+Cf) (1) Onde Cp são os custos de produção do serviço, D são as despesas, M é a margem de lucro e Cf é o custo financeiro, todos expressos em percentuais em relação às vendas líquidas, isentas dos impostos. Ou seja, D = Despesas/Vendas líquidas M = Margem de lucro/Vendas líquidas Cf = Custo financeiro/Vendas líquidas O terceiro passo é a divisão de 100% pela participação do custo de produção do serviço sobre as vendas líquidas dos impostos. Desta forma, obtém-se o valor do mark-up I conforme equação 2. Mark-up I = 100%/Cp (2) 2.4.3.3 Mark-up II O quarto passo para se obter o valor do mark-up é identificar o valor do percentual dos tributos sobre vendas de cada produto separadamente. O quinto passo é obter o preço de venda líquido dos tributos sobre vendas. Para isto, subtrai-se o valor da porcentagem dos impostos sobre vendas de 100%. Este valor é o preço de venda líquido dos tributos sobre vendas, conforme equação 3. Pvl = 100% - Isv (3) Onde Pvl é o preço de vendas líquidas dos impostos e Isv é o percentual dos impostos sobre vendas. O sexto passo é obter o mark-up II, dividindo-se 100% pela porcentagem do preço de venda líquido dos tributos sobre vendas. Este é o fator multiplicador relacionado aos tributos de venda do produto, conforme equação (4). 29 Mark-up II = 100%/Pvl (4) O preço de venda do produto segundo o método do mark-up é determinado pela multiplicação dos custos de produção do serviço pelo mark-up I, e em seguida pelo mark-up II, conforme ilustra a equação 5. Pv = Cp*Mark-up I*Mark-up II (5) Onde Pv = preço de venda 30 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Neste capítulo serão apresentados os métodos de pesquisa utilizados, assim como os procedimentos que serão utilizados no decorrer do desenvolvimento deste trabalho. 3.1 MÉTODO DE PESQUISA O presente trabalho pode ser caracterizado como pesquisa exploratória, pois visa aumentar a experiencia em torno do tema e encontrar elementos na exploração que permitam solucionar o problema. Os procedimentos técnicos para a exploração baseiam-se na pesquisa bibliográfica que auxilia no processo de definição do procedimento, assim como brainstorming realizado por engenheiros com vasto conhecimento no assunto em questão. Foi feito uma pesquisa bibliográfica com o intuito de fundamentar o procedimento de precificação proposto, buscando assuntos relacionados a custos, precificação, normas de segurança e serviços. 3.2 COLETA E PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS Durante o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas 2 ferramentas para coleta e análise de dados: brainstorming e fluxogramas. Segundo Oliveira (2002), fluxograma é uma técnica de representação gráfica, que descreve um fluxo ou processo. Esta técnica pode ser utilizada para, entre outros, padronizar a representação dos métodos e procedimentos administrativos, além de possibilitar a análise e redesenho dos fluxos ou processos. Segundo Roldan et. al (2009), o brainstorming é um processo que consiste em estimular e coletar idéias de participantes de uma reunião, onde as idéias são expostas sem nenhuma crítica até que se esgotem as idéias. Trata-se de um processo criativo, onde os participantes do mesmo são estimulados a expor todas suas idéias em relação a algo. O desenvolvimento deste trabalho foi dividido em 4 etapas. A primeira etapa apresenta a descrição do estado atual, onde observa-se os problemas que serão discutidos ao longo do desenvolvimento do trabalho. Deve-se coletar ou elaborar o fluxograma dos serviços que se deseja precificar e o fluxograma dos processos comerciais da empresa, de modo a se ter melhor entendimento do problema. 31 A segunda etapa para implantação do procedimento é definir o método de precificação que será utilizado e em seguida o sistema de custos que se adapta ao método de precificação definido. A terceira etapa é determinar o custo que está sendo gerado pelo serviço. Para isto, particiona-se o serviço em questão para identificar os fatores que geram custo no serviço, através da elaboração de fluxogramas. Através de brainstorming com engenheiros com vasto conhecimento na análise e validação de máquinas e equipamentos são analisados os fluxogramas e então determinados os fatores que geram custo. A quarta etapa é a criação de um procedimento de precificação para os serviços. 32 4 ESTRUTURAÇÃO ESTUDO DE CASO 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA A empresa estudada é uma empresa de cunho familiar, puramente prestadora de serviços. Fundada em 2009, a empresa presta assessoria e consultoria em meio ambiente, segurança do trabalho e engenharia, além de ministrar treinamentos empresariais. A partir de 2010, em virtude de uma demanda gerada pela alteração da NR-12 e a cobrança de sua aplicação nas empresas industriais, a empresa passou a atuar de forma expressiva no mercado de análise e validação de máquinas e equipamentos. 4.2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL DO PROBLEMA A empresa está tecnicamente se adaptando ao seu meio de forma bastante rápida, mas a alta velocidade de mudança do mercado criou algumas lacunas em outras áreas da empresa. Atualmente há um procedimento para elaboração de propostas de prestação de serviços referente a laudos e a treinamentos empresariais, os quais são os serviços mais antigos prestados pela empresa estudada. Este procedimento leva em consideração os custos da empresa de acordo com as características do cliente e do serviço, além do preço praticado pelos concorrentes. Entretanto, não há um padrão de precificação de serviços de análise e validação de máquinas e equipamentos conforme a NR-12 devido à complexidade ainda não analisada das características adversas que geram custos. Um fator que é difícil de se quantificar na hora da elaboração da proposta é o custo gerado pela demora da entrega de documentos por parte do cliente, pois conforme visto no item 2.1.2.1 são documentos que devem ser elaborados para que a máquina esteja de acordo com a NR-12 e possa ser validada, e muitos destes documentos são de responsabilidade do cliente fornecer ao consultor. Este fator é difícil de quantificar pois a proposta deve ser elaborada antes de ser iniciado o serviço, e ele está ligado geralmente à falta de organização ou ao excesso de burocracia de seus clientes. O custo gerado por este fator refere-se ao atraso no recebimento do pagamento. Outro fator é a variação dos projetos de máquinas com a mesma função. Cada modelo de máquina é único, mesmo que pertença a um tipo específico de máquinas, e as suas características únicas devem ser analisadas de forma diferenciada. Máquinas semelhantes podem ter muita variação quanto à geração de riscos, e esta variação geralmente é percebida 33 apenas após ser iniciado o trabalho, pois realizar uma análise antes de fechar a venda gera muitos custos devido aos serviços não fechados. Não há procedimento padrão para elaboração de propostas de prestação de serviços, sendo que a definição do valor da proposta é feita de forma intuitiva ou de acordo com o padrão do mercado. Vale ressaltar que quando se segue o preço de mercado, se deixa de lado o valor que o serviço da empresa tem ao cliente além da diferença de custos que a empresa tem com os custos dos concorrentes. A figura 01 ilustra o procedimento utilizado atualmente. Figura 01: Procedimento atual de elaboração de propostas de precificação LEGENDA Contato com atendente da empresa Anotar dados do cliente e envio dos mesmos ao vendedor Pedido a cliente dos dados e documentos essenciais à elaboração da proposta Envio dos dados e documentos requisitados Necessário visita para proposta? Visita à empresa e obtenção de dados elaboração de orçamentos e elaboração do documento de orçamento Análise dos valores, envio do orçamento ao cliente Não Sim Resposta do orçamentoCliente aceitou? Entrega dos dados para abertura de OS ao controlador Analisar, de acordo os custos diretos e demanda, possibilidade de desconto Sim Não É possível diminuir o valor? Conversar com o cliente, informar que não é possível diminuir o valor Sim Não Cliente aceitou? Fim Sim Não Cliente pediu contrato? Fazer contrato, assinar e enviar ao cliente Pegar a assinatura do cliente e arquivar o contrato Não Sim Vendedor Atendente Cliente Fonte: Autor (2014) 34 4.3 PROPOSTA DE SITUAÇÃO FUTURA A partir deste estudo, pretende-se determinar um procedimento de análise prévia do serviço para elaboração de propostas de prestação de serviços de análise e validação de máquinas e equipamentos de acordo com a NR-12. Pretende-se determinar o preço através de avaliação dos fatores geradores de custo do serviço e do preço por unidade de tempo de cada atividade que deve ser executada. O preço por unidade de tempo será obtivo através do mark- up sobre o custo direto por unidade de tempo de cada atividade executada pela empresa, obtido através do método de centro de custos. 4.3.1 Apresentação do processo de execução Para se entender os custos gerados ao longo do processo de execução, é necessário que se tenha registrado todas as etapas do processo de execução dos serviços. Elaborou-se dois fluxogramas que mostram a sequência de etapas seguidas para executar os serviços, com o intuito de determinar da forma mais exata possível quais são os custos diretos que estão sendo gerados pelo processo de execução do serviço, conforme figuras 2 e 3. 35 Figura 2: Fluxograma do processo de análise de risco de máquinas e equipamentos Visita e obtenção de dados para a proposta Elaboração do orçamento Planejamento da execução do serviço Delegar serviços aos técnicos conforme planejamento. Entregar OS ao técnico Agendamento da visita inicial Visita, coleta de informações para execução do serviço Há dúvida ou não-conformidade? Execução do serviço interno, análise das informações e elaboração de documentos Preenchimento da OS e entrega dos documentos e da OS ao supervisor Discussão das dúvidas ou não-conformidades Sim Não Revisão do serviço Há dúvida ou não-conformidade? Discussão das dúvidas ou não-conformidades Correção das não-conformidades Elaboração do documento de validação e emissão de ART para a validação Preenchimento da OS e impressão e entrega dos documentos ao controlador Atualização do controle das OS e arquivamento da OS Repasse dos documentos para entrega ao cliente por entregador Sim Não Engenheiro Controlador TécnicoCliente Engenheiro e técnico LEGENDA Fonte: Autor (2014) 36 Figura 3: Fluxograma do processo de validação de máquinas e equipamentos Visita e obtenção de dados para a proposta Elaboração do orçamento Planejamento da execução do serviço Delegar serviços aos técnicos conforme planejamento. Entregar OS ao técnico Agendamento da visita inicial Visita, coleta de informações para execução do serviço Máquina está adequada? Elaboração/envio de documento contendo o que deve ser adequado Reunião com o cliente para alinhamento (itens não-adequados) Confirmação da adequação Visita para verificar adequação da máquina (visitas adicionais cobradas à parte) Máquina está adequada?Anexos estão em mãos? Conferir se os anexos estão de acordo com a norma (análise de projetos) Sim Sim Não Não Informar ao cliente, através de documento, quais documentos faltam NãoSim Confirmação da documentação Anexos estão de acordo? Informar ao clientes quais anexos não estão de acordo com a norma Elaboração do documento de validação e emissão de ART para a validação Preenchimento da OS e impressão e entrega dos documentos ao controlador Atualização do controle das OS e arquivamento da OS Repasse dos documentos para entrega ao cliente por entregador Não Sim Engenheiro Controlador TécnicoCliente Engenheiro e técnico LEGENDA Fonte: Autor (2014) 37 4.3.2 Custos Será abordado o sistema de custos utilizado para a execução deste trabalho, de modo a auxiliar na definição do mark-up e no preço de venda. A classificação será realizada pela facilidade de alocação, o método de custeio utilizado será o método dos centros de custos e será seguido o princípio de custeio por absorção integral. 4.3.2.1 Método do centro de custos através do princípio de custeio por absorção integral O princípio de custeio por absorção será utilizado devido à praticidade e adaptabilidade ao método de centro de custos. Os custos serão classificados pela facilidade de alocação (custos diretos e indiretos). Os custos e despesas diretos serão alocados aos centros de custos diretos, e os custos e despesas indiretos serão alocados aos centros de custos indiretos. A empresa estudada trabalha com 4 grandes ramos de serviços: treinamentos, assessoria e consultoria em meio ambiente, assessoria e consultoria em segurança do trabalho e engenharia de segurança do trabalho (NR-12). Com o intuito de reduzir a distorção proveniente do rateio de custos, foram definidos 6 centros de custos na empresa, sendo denominados: TRE (treinamentos), AMB (assessoria e consultoria em meio ambiente), SST (assessoria e consultoria em segurança do trabalho), ENG (engenharia de segurança do trabalho), ADM (administração) e DES (deslocamento). Desta forma há 4 centros de custos diretos – TRE, AMB, SST e ENG – e 2 centros de custos indiretos – ADM e DES – onde os custos provenientes dos centros de custos indiretos serão rateados entre os centros de custos diretos. 4.3.2.2 Aplicação do rateio dos custos na empresa Os gastos devem ser alocados em cada centro de custo de acordo com a sua relação com o mesmo. Alguns gastos podem ser interpretados como provenientes de diferentes classificações, sendo um exemplo o caso das impressões da empresa estudada. As impressões são feitas por diferentes motivos e diferentes centros, podendo ser caracterizadas como despesas diretas, despesas indiretas ou custos indiretos. Neste caso, cabe à empresa definir como as mesmas serão classificadas. No processo de rateio, a empresa pode escolher a forma que melhor represente a realidade da empresa, contanto que ela se atente a alguns fatores, tais como:  Todos os gastos devem constar nos centros de custos; 38  Quanto mais detalhada for a alocação dos custos, menor será a distorção criada pelo rateio;  No cálculo do custo do serviço (através do procedimento) devem constar todos, e somente todos os custos e despesas classificados anteriormente como diretos. Todos os outros gastos da empresa serão componentes do mark-up, e como tal não precisarão ser considerados durante a elaboração da proposta. Despesas como combustível para os veículos da empresa geralmente podem ser caracterizados como despesas diretas ou como despesas indiretas, sendo então rateados entre os centros. Neste caso julga-se necessário que o combustível seja considerado como despesa indireta devido à taxa de aprovação de propostas. No serviço de engenharia, grande parte do deslocamento é realizado para análise inicial da fábrica do cliente, e alguns destes clientes não aceitam a proposta. Nestes casos, se a despesa não fosse rateada, o combustível não estaria sendo pago, pois estariam sendo pagas apenas as despesas com combustível dos clientes que aceitaram as propostas. Desta forma, recomenda-se que as despesas de combustível sejam consideradas despesas indiretas do centro de custos ENG, para que sejam rateadas entre todos os serviços. De forma análoga, o tempo que os engenheiros despenderam para visitas comerciais deve ser considerado como mão-de-obra indireta, para que este gasto seja rateado entre os serviços aprovados do centro de custos ENG. Gasto com impressões (aluguel de impressora, folhas de papel) também podem ser considerados como despesas diretas, mas devido à falta de controle das impressões por parte da empresa, as impressões serão consideradas todas como despesas administrativas para então serem rateadas entre os outros centros. Neste trabalho serão considerados custos diretos apenas a mão-de-obra direta e o custo de emissão da ART. Os outros custos diretos serão tidos como gastos indiretos por motivos de controle, adaptando-se à realidade da empresa. Os gastos foram alocados aos centros de custos. Os dados reais da empresa não serão mostrados, entretanto usar-se-ão dados fictícios do sistema de custos recomendado, conforme tabela 01: 39 Tabela 1: Gastos alocados aos centros de custos GASTOS CENTROS DE CUSTOS TRE SST ENG AMB ADM DES Mão-de-obra direta 9500 5700 19000 7600 Salários 5000 3000 10000 4000 Encargos 4500 2700 9000 3600 Mão-de-obra indireta 3800 2200 17100 Salários 2000 2000 9000 Encargos 1800 200 8100 Custos Diretos 600 2000 1000 Emissão de ART 600 2000 1000 Materiais 0 0 0 0 2300 4000 Papel e impressoras 2000 Utensílios 200 Combustível 4000 de manutenção e limpeza 100 Gastos Gerais 2100 320 680 230 5550 3500 Contabilidade 600 Energia elétrica 400 Água e esgoto 100 Aluguel escritório 2000 Aluguel sala Treinamento 1500 Entregas 100 20 80 30 50 Publicação/propaganda 300 Comunicação 1500 Treinamentos 500 300 600 200 150 Manutenção predial 200 Manutenção veicular 1500 Seguro e licenciamento 2000 Financiamentos e mensalidade conta bancária 200 Associação a entidades empresariais 50 Depreciação 200 500 300 200 1400 1000 Depreciação veículos 1000 Depreciação equipamentos 200 500 300 200 400 Demais imobilizados 1000 Total 15600 7120 24180 9030 26350 8500 Total após rateio dos centros indiretos 24823 18850 32000 15107,5 Gastos Indiretos 15323 12550 11000 6507,5 Vendas Líquidas sobre impostos 27000 16000 40000 16000 Fonte: Autor (2014) 40 4.3.2.3 Rateio dos centros de custos indiretos aos centros de custos diretos O processo de rateio dos gastos dos centros de custos indiretos aos centros de custos diretos é decisivo para que se tenha a informação o mais correta possível quanto aos custos de cada centro. Na empresa estudada o centro de custos de deslocamento foi criado por este motivo, pois a empresa possui muitas despesas devido a deslocamento e no centro de custos de treinamentos não há despesas com deslocamento em nenhum momento do processo. Quanto ao rateio do deslocamento entre os outros centros de custos, o uso dos carros é proporcional ao faturamento de cada área, pois a variação de faturamento causa indiretamente a variação da quantidade de saídas feitas pelos departamentos, tendo um peso diferente para cada departamento devido à diferença de preço dos serviços de cada departamento. O rateio das despesas administrativas será proporcional ao faturamento de cada área. Os dados da empresa são confidenciais, entretanto usar-se-á uma proporção de rateio fictícia com fins didáticos conforme tabela 02. Tabela 02 – Alocação de centros de custos indiretos a centros de custos diretos Centros de custos Administração Deslocamento Treinamento 35% 0% Meio Ambiente 15% 25% Segurança do trabalho 30% 45% Engenharia 20% 30% Fonte: Autor (2014) 4.3.2.4 Discussão sobre as questões técnicas que geram custos Serviços de consultoria são caracterizados por serem únicos de acordo com as características do cliente e do seu pedido. Nos serviços de análise e validação de máquinas e equipamentos há muitos fatores que geram variações do tempo de execução de cada projeto, pois embora as máquinas sejam classificadas de acordo com a sua função, há muitas variações nos mecanismos de funcionamento das mesmas, o que exige detalhada análise e diferentes interpretações, nem sempre seguindo um padrão. Foi realizado um brainstorming com os engenheiros e técnicos da empresa com base nos fluxogramas das figuras 02 e 03, onde foram identificados alguns fatores que geram diferenciação nos custos gerados, conforme Tabela 03: 41 Tabela 03: Tabela dos fatores geradores de custos LEGENDA Vis = Visita Val = Validação An = Análise Doc = Fluxo de documentos Fator Opções de preenchimento No que influencia O quanto influencia Serviço Análise/Validação Tudo formação dos tempos base Máquina Tipo de máquina Quantidade de máquinas Quantidade Tudo Valor fixo (primeira máquina) mais variável de acordo com número de máquinas Empresa nova? Sim/não Conhecimento do processo Valor fixo adicionado ao tempo final de acordo com o tipo de empresa Riscos de equipamentos adjacentes influenciando na análise? Sim/não Vis/An Multiplicador dos tempos base Nível de burocracia da empresa Baixo/médio/alto Doc Valor fixo de acordo com o nível Empresa terceirizada para adequação física ou o próprio cliente fará a adequação? Terceirizada/cliente Val Multiplicador do tempo base Equipe interna de manutenção com bom nível de conhecimento? Baixo/médio/alto Vis/An/Val Multiplicador do tempo base Nível de organização da empresa (quanto à armazenagem de documentos) Baixo/médio/alto Doc/An Valor fixo de acordo com o tipo de empresa Serviço urgente? Sim/não Horas extras Multiplicador do preço base Típos de energia de alimentação Elétrica/hidráulica/pneumática/ vapor Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Tipo de operação Automática/semi-automática/manual Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Interação do operador com o processo Sem/Contínua/intermitente/ ocasional Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Máquina importada? Simbologia utilizada Não/DIN/IN/Outras Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Interdependencia postos de trabalho Baixa/média/alto/total Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Ponto de operação diversos? Quantidade Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Conjunto dos recursos de segurança instalados Quantidade Vis/An/Doc/Val Valor fixo adicionado ao tempo final Operador trabalha com a máquina desligada ou ligada? Desligada/ligada Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Ponto de descarga da máquina Junto ao operador/outro ponto Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Ponto de alimentação da MP Junto ao operador/outro ponto Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Documentos das máquinas bem conservados, de fácil acesso? Sim/meio termo/Não Val/An Se sim, valor fixo adicionado ao tempo final, se meio termo, multiplicador do tempo base Acessibilidade ao segundo piso da máquina Acessível/Meio termo/Inacessível Vis Multiplicador do tempo base Luminosidade Adequada/inadequada Vis Multiplicador do tempo base Sujidade do processo Sujo/meio termo/Limpo Vis Multiplicador do tempo base Máquina pode ser parada para análise? Sim/Não Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Disponibilidade do corpo técnico para dúvidas do processo Sim/não Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Máquina fabrica diferentes tipos de peças? Não/varia peças/varia tamanho/ varia tamanho e peças Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Tamanho de peças fabricadas Pequenas/Médias/Grandes (estabelecer intervalos) Vis/Val/An Multiplicador do tempo base Fonte: Autor (2014) 42 A partir da tabela 03 é possível determinar a influência de cada fator separadamente e montar o procedimento de precificação. O conjunto de “serviço” e “máquina” formarão um preço-base tabelado, onde os outros fatores serão analisados, e de acordo com a sua influência no custo do serviço serão adicionados ou multiplicados em relação ao custo base. 4.3.2.5 Método de quantificação dos fatores geradores de custos Não foi possível determinar os valores dos fatores utilizados no método de cálculo do custo, entretanto para tal sugere-se um método de comparação entre serviços semelhantes (serviço e tipo de máquina) previamente executados. Como o serviço já foi realizado, tem-se a informação da quantidade de horas gasta por cada profissional, desta forma sendo possível aplicar o procedimento de precificação. Compara-se então a precificação de várias máquinas de características semelhantes cujos fatores foram divergentes para então aquilatar o peso destes fatores em relação ao resultado final. Assim, o método constrói-se e regula-se de forma gradativa de modo que ao final os resultados encontrados sejam os mais próximos possíveis da realidade, visto que o peso destes fatores é uma incógnita até o presente momento. Sugere-se que o método seja aplicado e regulado continuamente, e para que isto ocorra sugere-se que os procedimentos de precificação de cada serviço sejam registrados e que ao término do serviço seja comparado o tempo estimado com a realidade. A partir desta comparação, sugere-se a reavaliação dos valores de influência de cada fator referente ao serviço realizado, de forma que os valores do procedimento estejam mais próximos da realidade ao longo do tempo. 4.3.3 – Precificação Nesta etapa será elaborado o mark-up que deve ser aplicado ao custo direto da empresa de forma a determinar o preço de hora para cada serviço realizado. Serão analisadas, através da tabela 03, quais são as atividades geradoras de custo de cada serviço e qual o custo estimado gerado por elas, através da multiplicação do tempo estimado pelo custo por unidade de tempo de quem realizará a atividade. O preço determinado pelo procedimento apresentado neste trabalho deve servir como referencia de valor mínimo a ser vendido o serviço, sendo que desta forma caso o serviço atualmente seja vendido a preço superior ao estipulado pelo procedimento de precificação, o preço não deve ser alterado pois a diferença entre o preço determinado pelo procedimento e o 43 praticado pela empresa deve-se ao valor visto pelo cliente. Este valor, caso seja superior ao preço estipulado através dos custos da empresa, deve ser usado como base de preço. Caso o valor visto pelo cliente seja menor do que o preço determinado pelo custo da empresa, deve ser utilizado como base o preço determinado pelo custo da empresa, de modo que a empresa evite prejuízos. 4.3.3.1 Definição do mark-up A Tabela 01 ilustra o relatório do sistema de custos voltado às necessidades da definição do mark-up, e em concordância com este relatório é realizado o rateio dos gastos nos centros de custos, conforme tabela 02. A definição do mark-up da empresa será feita com base no método apresentado por Padoveze e Takakura Junior (2013), nos itens 2.4.3.2 e 2.4.3.3, com algumas adaptações. Devido à característica de determinação dos custos de produção deste método, devem ser considerados no primeiro passo os seguintes itens: gastos indiretos, e margem de lucro desejada. A margem de lucro definida pela empresa é de 20%. No segundo passo serão considerados apenas os gastos com mão-de-obra direta e elaboração de ART. Esta adaptação deve-se ao fato de que as outras despesas e custos diretos não são controlados, devendo ser rateados através do mark-up. Neste trabalho considerar-se-ão o IRPJ e o CSLL como tributos sobre vendas, pois a empresa é optante pelo sistema de tributação do lucro presumido onde presume-se a porcentagem do faturamento correspondente ao lucro, usado como base para cálculo dos tributos. Desta forma estes tributos se caracterizam como tributos sobre vendas. Como a empresa considera os custos e proporção de rateios para cada centro de custos como sendo informações confidenciais, foram utilizados dados fictícios apresentados na tabela 01 para definição do mark-up com fins didáticos, através do uso do método apresentado por Padoveze e Takakura Junior (2013), com as adaptações acima descritas: Os gastos indiretos e a margem de lucro representam 47,5% do valor das vendas líquidas. Desta forma, o custo de produção é de 52,5% e portanto o valor do mark-up I é de 1,90. Os tributos sobre venda representam 19,33% do valor da venda. Desta forma, o preço de venda líquido dos impostos é de 80,67% e portanto o valor do mark-up II é de 1,24. Multiplicando-se o mark-up I pelo mark-up II tem-se o mark-up total de 2,356. 44 Tendo-se os valores de mark-up, deve-se definir o preço de venda com base no custo direto da prestação de serviços. Multiplica-se o custo estimado pelo valor do mark-up, o resultado é o preço final do serviço. 4.3.3.2 Procedimento de precificação A partir da tabela 03, deve-se definir um método de cálculo do custo de acordo com as características do serviço para elaboração de proposta de execução do serviço, que leve em consideração todas as interações entre os fatores expostos na tabela 03, determinando desta forma o custo do serviço prestado. O custo-hora dos profissionais que realizam o serviço já está definido pela empresa, desta forma deve-se multiplicar o custo-hora pela quantidade de horas dispendida por cada profissional para a realização do serviço, que adicionado ao custo de emissão da ART gera o custo total de realização do mesmo. Este custo deve ser multiplicado pelo mark-up total, gerando desta forma o preço final. Este procedimento está ilustrado na tabela 04: 45 Tabela 04: Procedimento de precificação Elemento Resultado Custo-hora Engenheiro Dado do sistema de custos Custo-hora Técnico Dado do sistema de custos Tempo base Engenheiro Fórmula com base nas influências Tempo base Técnico Fórmula com base nas influências Fator multiplicador técnico Fórmula com base nas influências Fator multiplicador engenheiro Fórmula com base nas influências Mark-up 2,356 Preço final Mark-up*((T1*F1*C1)+(T2*F2*C2)+ART) Onde T1 = Tempo base Eng, T2 = Tempo base Téc, F1 = Fator Eng, F2 - Fator Téc, C1 = Custo-Hora Eng e C2 = Custo-hora Téc Fator Situação Influencia Serviço Descrever a situação E M C A D A L IN H A , F Ó R M U L A C O M B A S E N A S IT U A Ç Ã O Máquina Descrever a situação Quantidade de máquinas Descrever a situação Empresa nova? Descrever a situação Riscos de equipamentos adjacentes influenciando na análise? Descrever a situação Nível de burocracia da empresa Descrever a situação Empresa terceirizada para adequação física ou o próprio cliente fará a adequação? Descrever a situação Equipe interna de manutenção com bom nível de conhecimento? Descrever a situação Organização da empresa Descrever a situação Serviço urgente? Descrever a situação Máquina desconhecida? Nível de complexidade Descrever a situação Típos de energia de alimentação Descrever a situação Tipo de operação Descrever a situação Interação do operador com o processo Descrever a situação Máquina importada? Descrever a situação Interdependencia de postos de trabalho Descrever a situação Ponto de operação diversos? Descrever a situação Conjunto dos recursos de segurança instalados Descrever a situação Operador trabalha com a máquina desligada ou ligada? (exemplo, retirando produtos da máquina enquanto ela está ainda operando) Descrever a situação Ponto de descarga da máquina Descrever a situação Ponto de alimentação da MP Descrever a situação Documentos das máquinas bem conservados, de fácil acesso? Descrever a situação Acessibilidade ao segundo piso da máquina Descrever a situação Luminosidade Descrever a situação Sujidade do processo Descrever a situação Máquina pode ser parada para análise? Descrever a situação Disponibilidade do corpo técnico para dúvidas do processo Descrever a situação Máquina fabrica diferentes tipos de peças? Descrever a situação Tamanho de peças fabricadas Descrever a situação Fonte: Autor (2014) 46 4.3.3.3 Elaboração de propostas de prestação de serviços Atualmente as propostas são elaboradas integralmente pelos vendedores técnicos da empresa, compostos pelo diretor comercial e por 3 engenheiros, conforme figura 01. Observa- se neste fluxograma que há muitas tarefas que podem ser delegadas a outros colaboradores menos qualificados da empresa, diminuindo os custos de elaboração da proposta. Sugere-se a contratação de pessoal para serviços como preenchimento da planilha, elaboração do documento, formatação e repasse interno de informações conforme figura 04: 47 Figura 04: Procedimento sugerido de elaboração de propostas de precificação Contato com atendente da empresa Anotar dados do cliente e envio dos mesmos ao assistente comercial Pedido a cliente dos dados e documentos essenciais à elaboração da proposta Envio dos dados e documentos requisitados Necessário visita para proposta? Visita à empresa e obtenção de dados Envio dos dados ao assistente comercial Análise dos valores, envio do orçamento ao cliente Não Sim Resposta do orçamentoCliente aceitou? Entrega dos dados para abertura de OS ao controlador Analisar, de acordo os custos diretos e demanda, possibilidade de desconto Sim Não É possível diminuir o valor? Conversar com o cliente, informar que não é possível diminuir o valor Sim Não Cliente aceitou? Fim Sim Não Cliente pediu contrato? Fazer contrato, assinar e enviar ao cliente Pegar a assinatura do cliente e arquivar o contrato Não Sim Preenchimento da ferramenta de precificação e elaboração do orçamento Envio da ferramenta e do orçamento ao vendedor Alimentar o banco de dados com dados da proposta não aceita Vendedor Atendente Assistente comercial Cliente LEGENDA Fonte: Autor (2014) 48 4.3.3.4 Etapas para a implantação e aplicação do procedimento Elaborou-se um fluxograma que sequencia todas as etapas realizadas para a implantação e aplicação do procedimento de precificação, conforme figura 05: Figura 05: fluxograma de implantação do procedimento de precificação 49 Análise da empresa e separação da empresa em centros de custos diretos e indiretos Elaboração ou coleta do fluxograma do processo de execução do serviço Elaboração ou coleta do fluxograma atual de elaboração de propostas Adaptação do sistema de custos da organização: classificação pela facilidade de alocação, método dos centros de custos e custeio por absorção integral Contabilização dos gastos e alocação dos mesmos aos centros de custos Rateio dos centros de custos indiretos aos centros de custos diretos e separação do custo do serviço dos demais gastos Análise do fluxograma do processo de execução do serviço e definição dos fatores que geram custos Pesquisa com serviços semelhantes já executados para quantificar a influencia dos fatores que geram custos Definição do mark-up e do custo por hora dos colaboradores executores do serviço Elaboração da planilha de precificação de serviços de acordo com os fatores geradores de custos , mark-up e o custo por hora dos colaboradores Atualização do fluxograma de elaboração de propostas de acordo com as mudanças feitas Aplicação do procedimento na precificação de serviços Fonte: Autor (2014) 4.4 RESULTADOS OBTIDOS 4.4.1 Relação dos fatores geradores de custo Foram levantados, através de brainstorming realizado pelos engenheiros responsáveis pelo centro de engenharia da empresa com base nos fluxogramas de prestação de serviços 50 descritos nas figuras 02 e 03, os fatores influenciadores de custo do processo de execução do serviço. A partir disto, foi elaborada uma tabela contendo os fatores que devem ser analisados durante o processo de precificação de serviços, conforme tabela 03. 4.4.2 Procedimento de precificação Foi elaborado um procedimento de precificação de serviços conforme tabela 04, levando em conta todos os fatores geradores de custos demonstrados na tabela 03, o mark-up ilustrado no item 4.3.3.1 e o custo-hora dos funcionários de acordo com o sistema de custos da empresa. Embora não tenha sido feita a pesquisa da influência no preço dos fatores influenciadores de custo do processo de execução de serviço, foi elaborado um método para quantificação da influência dos fatores, conforme visto no item 4.3.3.2. 4.4.3 Procedimento para elaboração de propostas Neste trabalho foi analisado o procedimento atual de elaboração de propostas de prestação de serviços conforme figura 01, e em conjunto com a sugestão de aplicação do sistema de precificação, também foi proposto uma reformulação do procedimento de elaboração de propostas conforme figura 04. 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve por objetivo geral desenvolver um procedimento de precificação para serviços de análise e validação de máquinas e equipamentos de acordo com a NR-12. O procedimento para sua implantação está descrito na figura 05 e o procedimento de precificação está descrito na tabela 04. Definiu-se o sistema de custeio usado para a precificação. O sistema utiliza o método dos centros de custos, através do princípio de absorção integral e utilizando a classificação de custos pela facilidade de alocação. Elaborou-se o método de determinação dos custos envolvidos no serviço, que tem como base a análise do fluxograma dos processos de execução do serviço conforme figuras 02 e 03, através de brainstorming sobre os fatores que podem influenciar no tempo necessário para a execução do serviço. Os fatores que foram levantados estão na tabela 03. A influência dos fatores não foi quantificada, entretanto sugeriu-se um método para quantificar a mesma. Este método está descrito no item 4.3.2.5. Foi definido também o método de precificação a ser usado no procedimento, o qual é feito com base em custos através do mark-up. Calcula-se o custo de execução do serviço e aplica-se o mark-up sobre o custo do mesmo, obtendo-se assim o preço final do serviço. Com o uso do procedimento de precificação desenvolvido neste trabalho, aumenta-se o nível de padronização da empresa, evitando prejuízos e ganhando tempo, pois o procedimento de precificação é prático e contém apenas informações de fácil acesso. Com a aplicação do procedimento, observou-se também a possibilidade de delegação de parte do processo que atualmente é realizado pelo diretor comercial e pelos engenheiros da empresa a um assistente comercial, reduzindo os custos para elaboração das propostas de prestação de serviços. O procedimento sugerido considerando a contratação do assistente comercial pode ser observado na figura 04. O valor obtido através do procedimento deverá definir o custo mínimo em condições normais, sendo que caso o valor médio cobrado anteriormente à implantação do mesmo seja superior ao valor definido do procedimento deverá ser adotado o valor anterior, pois a diferença de preço deve-se ao valor que o cliente vê no serviço. Este procedimento pode ser aplicado em qualquer empresa que preste serviços na área de análise de risco e validação de máquinas e equipamentos para a NR-12 ou, com algumas adaptações no levantamento dos fatores geradores de custo, em outras empresas cuja complexidade do serviço dificulta a mensuração do custo da elaboração do serviço. 52 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT, Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR 14153: Segurança de máquinas – Partes de sistemas de comando relacionados à segurança – Princípios gerais de projetos. 2013. BORNIA, Antonio C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009 BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-1 – Disposições Gerais. 2009. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. 2013. BRASIL. Portaria GM nº 3.214, de 08 de junho de 1978. BRUNI, Adriano L; FAMÁ, Rubens. 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PEREZ JUNIOR., José H.; OLIVEIRA, Luiz M. de; COSTA, Rogério G. Gestão Estratégica de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 53 Roldan, Leandro W. B. et. al. Brainstorming em prol da produtividade: um estudo de caso em três empresas de Varginha – MG. 2009. Artigo – Faculdade Cenecista de Varginha. SEBRAE. Consultoria! O que é e como usar?. Disponível em: Acesso em 06/05/2014. SESI. Dicionário SST. Disponível em: . Acesso em 05/05/2014. WERNKE, Rodney. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.